domingo, 22 de junho de 2014

Inspiração Para Nossas Sapatilhas


Na noite de quinta-feira, dia 5 de junho, os alunos da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa tiveram o privilégio de presenciar uma palestra com a primeira bailarina Nora Esteves, ex-aluna da Escola de Danças Clássicas do TMRJ hoje Escola Estadual de Dança Maria Olenewa.  O evento teve como introdutor o ex-diretor do Corpo de Baile do TMRJ Hélio Bejani.  Na abertura foram exibidos os balés Cantabile e D.Quixote, seguidos de comentários feitos pela própria bailarina, após tais comentários iniciou-se a uma deliciosa conversa de nossa convidada nos contando os caminhos de sua carreira.

Sobre sua carreira

Sua trajetória é fascinante, conforme podemos ler em seu site (www.noraesteves.com.br), aos oito anos entrou para a Academia de Ballet Tatiana Leskova. Meses depois, paralelamente ingressou na Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, hoje Maria Olenewa. O currículo era de sete anos, mas Nora o fez em cinco, por superar as notas exigidas para passar de ano. Naquele período quem obtinha média acima de determinada nota, pulava um ano.

Aos 14 anos fez exame para o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, passando em 1º lugar numa banca presidida por Igor Mosseiev. Durante três anos dançou no conjunto, quando a convite de Tatiana Leskova, que então dirigia o Corpo de Baile do Theatro Municipal, chegou ao Brasil William Dollar, coreógrafo do American Ballet Theatre de Nova York.

W. Dollar montou três programas: No primeiro, deu a Nora um solo, “Bolero” e um “pas-de-deux” no ballet “Divertimento”, com música de Britten. No segundo programa, no ballet “Constância”, com música do 1º Concerto para piano e orquestra de Chopin, ballet inspirado na vida de Chopin, Nora fez o papel de George Sand. No terceiro programa, Dollar convocou Nora para o papel de Clorinda, no ballet “O Combate”, com música de Banfield.

Ao término desta temporada, o então Diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Dr. Murilo Miranda, concedeu a Nora Esteves o título de 1ª bailarina, graças à iniciativa de William Dollar, que, destacando-a do conjunto do Corpo de Baile, revelou seu talento ao grande público. Um ano depois, Murilo Miranda foi para o Conselho Nacional de Cultura e viajou para os Estados Unidos. Em Nova York entrou em contato com o Joffrey Ballet, onde solicitou e obteve dessa escola uma bolsa de estudos para Nora Esteves.

Uma carreira internacional

Por conta dos trabalhos com George Skibine no Brasil, Nora foi por ele convidada um ano depois, para fazer o papel-título de Sheherazade, com coreografia do próprio Skibine, em Paris, sob a direção geral de Robert Hossein, espetáculo filmado pela Televisão Francesa. Nora permaneceu na França, por cinco anos. Lá participou das seguintes companhias:
- Théâtre Populaire de Reims (Hossein/Skibine);
- Les Ballets de Marseille (Roland Petit);
- Ballet Théâtre Contemporain em Angers (Cartier/Adrêt);
- Ballet Théâtre Français de Nancy (Cartier/Trailine);
- Ballet da Ópera de Munique.

Durante sua permanência no Ballet Théâtre Français, a Televisão Francesa realizou um documentário intitulado “Une Etoile de la Danse”, registrando cenas do quotidiano da artista. Como bailarina convidada participou por diversas vezes das temporadas do Teatro Massimo de Palermo. À convite de Tatiana Leskova fez o principal papel em “O Quebra-Nozes” em Hong Kong com o Hong Kong Ballet Company, tendo como partner Jean Claude Ruiz.

De volta ao “nosso encontro”

Nora Esteves também destacou a importância da mestra Tatiana Leskova em sua formação artística, considerada por ela como sua mãe na dança. Falou com carinho sobre seu período na Escola de Dança. Quanto a sua opção de voltar para o Brasil e continuar aqui sua careira profissional, disse ser uma opção consciente e apesar dos inúmeros convites para prosseguir no exterior considera que aqui teve belos momentos.

Da esquerda: Teresa Augusta, Paulo Melgaço, Hélio Bejani, Nora Esteves e Beth Oliosi.

Ao ser questionada por uma de nossas alunas em que Companhia teria sido mais feliz, Nora respondeu com a tranquilidade e firmeza características da sua personalidade:
-Aqui! Aqui na companhia deste Theatro. Aqui é a minha casa.

Na plateia nossa professora Teresa Augusta, aplaudiu emocionada as palavras da colega de trabalho e amiga. Nora Esteves com seu diálogo calmo e sincero ao responder perguntas das alunas de nossa escola tornou este encontro um momento de grande inspiração. Suas palavras de sabedoria, sua carreira fantástica e sua contribuição para o mundo da dança, bem como para o ballet brasileiro, é algo de valor inestimável.

Texto: Alicia Brandão