Amanhã dia
11 de outubro, será um dia memorável para os amantes do Theatro Municipal. Todos poderão rever o pano de boca pintado
por Eliseu Visconti e o seu busto.
Diferentemente dos demais, o busto de Visconti foi instalado
sozinho na entrada do Balcão Nobre, de frente para o foyer do teatro. Lá também
estão outras obras suas, como as pinturas dos painéis central e laterais e do
teto (intitulado “A música”), considerado uma obra-prima da arte decorativa no
Brasil.
Dentro da sala de espetáculos (que também tem teto assinado
por Visconti), outro tesouro do artista ítalo-brasileiro poderá ser visto pelo
público: o pano de boca de 12 x 16 metros, pintado entre 1906 e 1907 em Paris,
a partir do tema “A influência das artes na civilização”. Será a primeira
ocasião em cerca de dois anos em que o pano descerá diante da plateia — por
conta da idade da obra e das engrenagens originais do mecanismo, a direção da
casa opta por mostrá-lo apenas de tempos em tempos.
Eliseu
Visconti nasceu em Vila de Santa Caterina, Itália, no dia de 30 de julho de
1866. Foi um pintor, desenhista e designer ítalo-brasileiro, considerado um dos
mais importantes artistas brasileiros e o mais expressivo representante da pintura
impressionista no Brasil.
Por
influência de Francisca de Souza Monteiro de Barros, a Baronesa de Guarema, ele
veio para o Brasil com sua irmã Marianella, chegando entre 1873 e 1875.
Visconti
desejou estudar música, e em 1884, trocou a música pela pintura no Liceu de
Artes e Ofícios e na Academia Imperial de Belas Artes, onde recebeu diversos
prêmios e medalhas.
Em 1905,
recebe em Paris o convite do prefeito Pereira Passos, para executar as
decorações do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Entre
1905 e 1908, Eliseu Visconti executa o pano de boca, o plafond (teto sobre a
plateia) e o friso sobre o palco (proscênio). E entre 1913 e 1916, pinta os
painéis do foyer do Theatro, considerados uma obra prima da pintura
decorativista no Brasil. Durante esses períodos de permanência na França, no
início do século XX.
O tema para
o pano de boca “A influência das artes na civilização”, o pintor utilizaria
figuras femininas para representar a arte, a ciência, a poesia, a verdade, a
música e a dança, em composição de notável equilíbrio, complementadas por
retratos de grandes vultos da cultura nacional e internacional. A
estética da obra esta demonstrada na elaboração do pano de boca, cujo acervo
compõe-se de esboços a óleo, croquis a carvão, apontamentos quadriculares em
grandes dimensões e rápidas anotações de cor.
De 1908 a 1913, Visconti é professor da
cadeira de Pintura na Escola Nacional de Belas Artes, cargo a que renuncia para
retornar à Europa e realizar a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio
de Janeiro, sua obra prima, concluída em 1916.
Após 1920,
Eliseu Visconti não mais deixaria o Brasil. A fluência nas diversas técnicas e
a maestria com que administra o uso das cores associado aos efeitos de luz
tornam-se uma característica de suas telas.
O alargamento
do palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em meados da década de 1930,
iria proporcionar a Visconti um retorno às emoções da mocidade. O artista
executa um novo friso sobre a boca de cena, em perfeita harmonia com as demais
decorações.
Em 1951, Louise
Visconti viúva de Eliseu Visconti, doou o busto em bronze do artista, para o
Theatro Municipal do Rio de Janeiro, como condição, a viúva pediu que o busto
permanecesse para sempre no foyer do Theatro, junto ás obras que o artista
considerava as mais importantes que realizara.
Texto - Felipe Bertuci (1° Médio)