Durante a recente temporada do ballet O Lago dos Cisnes, trocamos algumas palavras com a Primeira Bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Confira!
Márcia Jaqueline é natural do Rio de Janeiro e é formada
pela Escola Estadual de Dança Maria
Olenewa. Aos 14 anos de idade, entrou para o Ballet do Theatro Municipal do
Rio de Janeiro, aonde vem se destacando em papéis importantes nos ballets de
repertório da companhia, como Coppélia, O
Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida, La Fille Mal Gardeé, Onegin, Paquita,
Giselle, Don Quixote, O Quebra-Nozes, L’Arlésienne, Carmen de Roland Petit
e Romeu & Julieta de John Cranko,
obtendo grande sucesso de público e crítica. Também vem representando o BTM em
diversas Galas nacionais e internacionais. Márcia é Primeira Bailarina do
Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro desde 2007, apresentando-se em
todas as temporadas da companhia.
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Interpretando Odette em O Lago dos Cisnes. |
Qual a importância da
Escola de Dança na sua formação?
A escola foi fundamental na minha formação, foi onde aprendi o ballet clássico,
e que me proporcionou a oportunidade de desde criança estar perto dos artistas
do Theatro Municipal, aumentando cada vez mais meu desejo de um dia fazer parte
daquele lindo corpo de baile. A Escola me ensinou não só dançar, mais também a
disciplina e o respeito aos que estão a minha frente e isso levo até
hoje na minha carreira.
O que você ambiciona na sua carreira?
O que eu ambiciono hoje, não só para minha carreira mas também para a nossa arte, é a valorização desta profissão tão linda porém tão difícil no
nosso país. O que eu quero pra mim e para a dança no Brasil é o reconhecimento
do nosso trabalho e da vontade que temos de Dançar!
Existem ballets que
ainda não dançou e gostaria de dançar?
Tem um ballet que eu já dancei como corpo de baile mas, hoje como Primeira Bailarina, gostaria de interpretar Nikia de La Bayadere.
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Márcia Jaqueline e Felipe Moreira. |
Aproveitando essa
temporada de O Lago dos Cisnes, como
é o dia de estreia?
O dia da estreia é sempre o mais esperado, é onde vamos
mostrar o trabalho de meses de preparo. A ansiedade e a expectativa são sentimentos
que fazem parte da estreia, mas que ao entrar em cena se transformam logo em
realização e prazer de estar mais uma vez naquele palco com todos os bailarinos
da companhia, que em cena com seus olhares me dão força, além de estar em contato com
o público que esperamos durante toda nossa preparação. É mágico não só a
estreia, mais cada espetáculo, pois cada um é como se fosse o primeiro.
Odette ou Odile? Com qual
personagem você mais se identifica?
Eu posso te dizer que eu gosto mais de interpretar a
Odile. Apesar de amar esse sentimento puro e sincero da Odette, onde em minha
opinião o pas de deux do segundo ato
é um dos momentos mais lindos do ballet, em cena eu me sinto mais a vontade com
o cisne negro. Acho que porque tenho contato com os outros bailarinos que estão
em cena, à energia é diferente, gosto de fazer esses papéis mais fortes que são
o oposto da minha personalidade, e é aí que me desafio.
Você se inspira em alguém para
interpretar a Odette e a Odile? Ou apenas segue o fluxo do momento?
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Cecília Kerche em O Lago dos Cisnes. |
Inspiração de cisne pra mim sempre vai ser minha diva Cecília
Kerche, cisne como ela não há. Mas tento em cena colocar o que estou sentindo
no momento também. E pra essa temporada recebemos o presente de tê-la como
ensaiadora e companheira em toda a preparação do ballet. Me senti muito mais
preparada e madura com tudo o que ela me passou.
Que recado você poderia deixar para as alunas da Escola?
Primeira coisa que eu gostaria de deixar, é que acho muito importante na nossa formação o respeito aos nossos professores e a disciplina, essa é a base de tudo em minha opinião. Outra coisa importantíssima: amem o que fazem! Nossa carreira não é fácil, muitas vezes queremos desistir, mas se tiver amor nessa arte todas as dificuldades diminuem. É uma profissão linda que vale a pena lutar. Boa Sorte eu desejo pra vocês, que concluam essa caminhada com força e fé. Fiquem todos com Deus.
Matéria: Bárbara de Freitas
Revisão: Fábio Mariano