É com muita tristeza que a dança se despede de um grande ícone. Morreu nesta segunda-feira, 18 de agosto de 2014, Mercedes Baptista. Primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, nascida em 1921, em Campos dos Goytacazes, mudou-se para o Rio de Janeiro onde exerceu diversos trabalhos. Neste período, despertou seu interesse pela dança e deu início a sua brilhante trajetória.
Começou seus estudos no ballet e na dança folclórica com Eros Volúsia (bailarina cujas danças eram carregadas de cultura brasileira). Em 1940, integra a Escola de Danças do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde teve aulas com grandes nomes como Maria Olenewa, Yuco Lindberg e Vaslav Veltchek. Entra para o corpo de baile do mesmo teatro em 1947, apesar disso, atuou em poucos espetáculos da companhia devido ao preconceito racial bastante presente nesta época.
Em 1950, distancia-se do Theatro Municipal, a convite de Katherine Dunham (coreógrafa, antropóloga e militante afro-americana), indo para os Estados Unidos, onde teve aulas de dança moderna, danças do Haiti e participou da luta pela valorização racial.
Retornando ao Brasil, em 1951, fundou o Ballet Folclórico Mercedes Baptista, que ganhou visibilidade e apresentou-se pela Europa e América do Sul, composto por bailarinos negros que divulgavam a cultura negra e afro-brasileira através da dança moderna.
Em seu currículo, coreografou para cinema, teatro, televisão, escolas de samba, além de ter ministrado cursos fora do Brasil e de ter sido responsável por incluir a disciplina dança afro-brasileira na Escola de Danças do TMRJ. Mercedes Baptista merece destaque por conseguir superar todas as dificuldades raciais e ainda assim construir uma brilhante carreira na dança e deixar à ela um grande legado, ao trabalhar em prol da valorização dos negros na arte, principalmente, na dança. Por ter atuado nesta grande conquista, a Escola de Danças guardará sempre em sua memória esta marcante e batalhadora ex-aluna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário