Por ocasião dos 10 anos do Tour em L´air, mais um grande encontro foi promovido. Dessa vez, a convidada foi a bailarina, coreógrafa e diretora da Cia Nós da Dança, Regina Sauer. Ela falou sobre sua carreira, sobre as possibilidades do mundo da dança, sobre sua companhia, sobre processo de criação e sobre a importância do estudo para o bailarino. Com certeza inspirou ainda mais os alunos nesta carreira, que todos sabemos, se constrói arduamente e em meio a muitos obstáculos.
Apesar de seu primeiro contato com a dança ter sido cedo, através do jazz, sua experiência com o ballet pode ser considerada tardia. Somente aos dezoito anos, quando percebeu que queria seguir essa carreira, iniciou seus estudos na dança clássica, tendo sido aluna de grandes nomes como Eugenia Feodorova. Após sua profissionalização, aos 18 anos, fez vários trabalhos em comerciais, convenções e na televisão, como na novela “Baila Comigo”. Em 1982, cria com suas amigas a Cia Nós da Dança, que em 2014 completa 33 anos de existência, se tornando uma das poucas companhias independentes que sobrevive por tanto tempo sem cessar suas atividades. Em 1978 foi a primeira vez a Nova Iorque para estudar, tendo retornado a cidade em 1979 e em 1982. Essa viagem, afirma nossa convidada, foi fundamental para seu contato com a dança moderna, a qual irá trazer para o Brasil e injetar em sua companhia. Em Nova Iorque fez aula na Alvin Ailey American Dance Center, Martha Graham School e Steps on Broadway.
Em 1989, Regina funda com seu marido, Fernando Fileto, o Centro de Artes Nós Dança que está na ativa até hoje e funciona em Copacabana. Nele, Regina também assume um papel que sempre lhe deu prazer e do qual afirma: nunca se cansou, o de professora. A partir de 1999, ela também passa a atuar no carnaval carioca, coreografando comissões de frente, entre elas, Salgueiro, Imperatriz Leopoldinense e Porto da Pedra.
Cia Nós da Dança no espetáculo Bossa Nova, 2009. |
No decorrer da palestra, Regina Sauer afirmou que uma das coisas mais importantes para o bailarino é a versatilidade. O corpo deve ser capaz de entender qualquer linguagem e os caminhos se abrem para o profissional que amplia sua bagagem. Por esse motivo, seu centro de dança trabalha prezando todas as modalidades (jazz, ballet, moderno etc), acreditando que cada uma completa a outra.
O estudo foi outra questão bem demarcada pela convidada, não somente o estudo de outras técnicas, como por exemplo a dança popular, mas também de matérias como história da dança. Segundo ela: “Esse é o momento de “engolir” informação, esse alimento é muito importante para o futuro”. É necessário, igualmente, desmistificar a ideia de que bailarino só sabe trabalhar com o corpo.
Regina ao lado da professora Beth Oliosi e das formandas. |
Ao final desse grande encontro, Regina Sauer deixou palavras de incentivo para os alunos da Escola, nos fazendo perceber que a dança abre um leque de possibilidades: “...pensem que o caminho pode se ser desdobrado em outras coisas”. Também deixou bem claro que a dança é uma religião, que exige uma entrega ímpar. Para alcançar algum resultado o bailarino deve estar inteiro e ancorado no que está fazendo. Após a palestra, fica evidente que conhecer sobre essa personalidade é fundamental para entender e adentrar, de fato, no universo da dança no Brasil, pois seu trabalho se tornou essencial não só para sua companhia, como também para todos nós da dança.
Da esquerda: Teresa Augusta, Regina Sauer, Beth Oliosi, Paulo Melgaço e Hélio Bejani. |
Maria Luiza Patury
Nenhum comentário:
Postar um comentário