Hélio nasceu em Piracicaba, mas já mora no Rio de Janeiro há muito tempo. Sua entrada no mundo artístico deu-se ainda em sua cidade natal, onde trabalhou como músico. Porém, seus estudos de dança iniciaram “tarde”, aos 22 anos, quando terminava a faculdade de engenharia. Passou pela formação no método Royal e em 1985 passou a integrar a Companhia de Ballet do Theatro Municipal, tornando-se bailarino principal em 2000. No entanto, a carreira de nosso novo diretor foi/é marcada pela versatilidade: tornou-se ensaiador, foi assistente de direção, coordenador artístico da orquestra sinfônica do Theatro Municipal, diretor do BTMRJ (entre 2009 e 2013), professor e diretor adjunto da EEDMO.
Como diretor do BTMRJ, Hélio realizou turnês pelo Brasil durante o período em que o Theatro Municipal esteve em obras para as comemorações de seu centenário de fundação. Foram apresentadas no período, além dos clássicos em repertório, novas produções para Carmem e L’Arlésienne de Roland Petit, com música de Bizet, coreografias de David Parsons e remontagens de Onegin de John Cranko e A Criação de Uwe Scholz. Um destaque de sua gestão foi a apresentação do clássico Don Quixote, um grande sucesso de público e crítica
Além dessa vasta experiências nas várias funções do mundo do ballet, Hélio tem um papel muito ativo no carnaval carioca como coreógrafo de comissão de frente, já tendo feito também, em 2004, o trabalho coreográfico de mestre-sala e porta-bandeira. Em vários desses trabalhos recebeu premiações. Mais recentemente, em 2016, como coreógrafo da Comissão de Frente do Salgueiro recebeu o Estandarte de Ouro.
Como não é novidade, vivemos um momento de grande crise no Estado do Rio de Janeiro, na qual vários setores são diretamente afetados, inclusive a Escola Estadual de Dança Maria Olenewa e o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ou seja, a nova direção já se vê imersa em novos desafios e com a grande responsabilidade de manter viva a Escola, sua tradição e qualidade. Em função desses “contratempos” (paralisação do BTMRJ, parcelamento dos salários de estatutários), a Escola vem funcionando de forma extraordinária, tendo tido, inclusive, a necessidade de alteração do planejamento das provas finais.
Mesmo assim, a Escola resiste e não perde sua vitalidade. Apesar da precariedade da situação, há uma intensa mobilização que une professores, direção, responsáveis e alunos em prol da continuidade das atividades, tão vitais para a sobrevivência cultural do país.
Desse modo, o espetáculo de final de ano já está confirmado para o dia 17 de dezembro, assim como a formatura dos alunos do terceiro ano técnico. Com grande energia e paixão a Escola vem dançando e trabalhando com grande dificuldade, e com vontade de sobra.
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| Na foto, nosso atual diretor Hélio Bejani com a professora Paula Albuquerque e alunas EEDMO |
Para esclarecer um pouco a situação da EEDMO e expor os novos projetos, o novo diretor Helio Bejani conversou com o Tour:
Tour en Lair: Na sua opinião, qual a relevância da EEDMO para o país?
Helio Bejani: “Sempre revelando talentos para o mundo, não vamos medir esforços para continuar mantendo a Escola Maria Olenewa em seu lugar de destaque no âmbito nacional a despeito da situação difícil pela qual atravessa nosso Estado e consequentemente o Theatro Municipal. Embora, em se falando de tradição, a EEDMO continua sendo, sem dúvida alguma, a de maior relevância, afinal de contas lá se vão 90 anos de existência em abril de 2017. ”
Tour en Lair: O que você pretende manter da gestão anterior e quais são os seus projetos: as principais medidas que pretende levar adiante para melhorar a escola, e as possíveis mudanças?
H.B.:“Pretendo manter tudo o que acredito ser pertinente e positivo ao novo projeto pedagógico que estamos desenvolvendo juntamente com professores, coordenação e direção. Uma medida que já está sendo colocada em prática a partir de várias reuniões muito positivas é o trabalho em equipe literalmente, onde todos terão a responsabilidade de cuidar do todo. Também, pretendemos contar com a importante colaboração dos pais que participarão através de reuniões promovidas ao longo do ano letivo. A ideia é transparência total e com a ajuda da AMADANÇA (atualmente recuperada e com nova diretoria atuante funcionando como uma verdadeira consultoria) poderemos ter maior tranquilidade para a realização de um trabalho de melhor qualidade, o que acreditamos ser o mais importante para contribuirmos da melhor maneira dando suporte e incentivo aos sonhos dos nossos alunos, futuros bailarinos. ”
Tour en Lair: O espetáculo de encerramento deste ano para os níveis mais adiantados foi “Coppélia”. Fale um pouco sobre como se deu a escolha desse repertório e os preparativos?
H.B.: “Para esse ano “Coppélia” foi considerado o mais adequado, pois não é apresentado já faz algum tempo. Na verdade, apresentaremos uma suíte deste ballet que consideramos o ideal para nossos alunos. É um trabalho que desenvolve o potencial técnico juntamente com o artístico, extremamente importantes para o crescimento de um bailarino. Também apresentaremos, na primeira parte, o ballet inédito “Degas em movimento”, criado através de um trabalho coletivo dos professores envolvidos nos níveis preliminar, básico e médio. Esse novo desafio motivou esses professores com a oportunidade de coreografar a partir da matéria aplicada a cada nível. ”
Tour en Lair: Qual mensagem que você gostaria de deixar para os alunos da Escola?
H.B.: “De minha parte, enquanto responsável pela Escola, vou dar o meu melhor, como sempre em tudo o que realizei dentro do Theatro Municipal. Quanto aos alunos, saibam que os tenho como o principal motivo da existência de nossa Escola, portando serão o foco de todo e qualquer objetivo em busca de seu desenvolvimento e superação técnica, artística e psicológica. Como já disse antes, por inúmeras vezes, vamos desenvolver uma tensão positiva no trabalho. “Vamos coletivamente buscar o melhor de cada um sem perder a nossa alegria”
Realmente, em tempos em que é necessário criar forças para defender o óbvio, a alegria; a paixão e o envolvimento parecem ser, de fato, não as melhores alternativas, mas as únicas viáveis. Certamente, no que depender da EEDMO, as cortinas nunca se fecharão para a cultura e educação no país.
Maria Luisa Patury (2° Técnico)
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