Na
história do ballet clássico não se pode deixar de mencionar esse nome tão
brilhante nessa arte quanto o de Cecília Kerche. Em 1982, ingressou como
coriféia no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo se tornado
Primeira Bailarina após 3 anos e atualmente é ensaiadora e diretora do mesmo. É
conhecida mundialmente por sua técnica, beleza e interpretação surpreendentes,
tendo dançado em 18 companhias estrangeiras com os maiores bailarinos do mundo,
em 4 continentes, em festivais e galas internacionais. É considerada uma das 10
maiores cisnes do mundo. Para sabermos um pouco mais sobre esse grande nome do
ballet clássico, a seguir apresentaremos uma breve entrevista.
1-Depois de anos sendo a primeira
bailarina do Theatro municipal, há algum tempo foi convidada para administrar o
corpo de baile. Qual é a diferença de ter sido a grande estrela do corpo de
baile e agora ser a diretora dele?
É um orgulho, uma importância,
uma responsabilidade enorme cuidar da carreira de bailarinos tão dedicados que
fazem parte do corpo de baile; saí da barra cuidando dos meus arabesques, agora
tenho que tomar conta do arabesque de toda a companhia. É a continuação da
minha carreira sendo dançada no corpo dos meus colegas.
2-Nos últimos anos o país tem
passado por uma crise, que afeta também o Theatro, tiveram paralisações, greves
e manifestação. O que você pensa sobre a atual realidade do theatro? Acha que
esse momento de crise ainda está um pouco presente ou ja foi superado?
A crise está sendo sublimada pela
vontade de realizar nesse Theatro, acredito que essa crise já precisava ter
passado para que pudéssemos resgastar o público e mostrar o quanto valioso eles
tem nas mãos, os artistas desse Theatro.
3-Estar entre as 10 melhores
Odile e Odete em Lago dos Cisnes faz com que queira remontar esse ballet ou
criar uma nova versão para ele?
Esse ballet já tem 5 versões
criadas para o Corpo de Baile. A companhia dança desde 1959, a primeira vez que
montou o ballet completo nas Américas com remontagem de Eugenia Feodorova. Então pretendo montar outros ballets como La
Bayadère, O Corsário e Bela Adormecida junto com a Ana Botafogo. O importante é
sempre manter os clássicos que já temos no repertório e acrescentar a essa
companhia, para que ela se fortaleça cada vez mais e deixe esse legado para as
futuras gerações.
4-Quais são seus planos futuros
para o corpo de baile?
Quero montar ballets que são
importantes para o repertório de uma companhia tradicional como a nossa, tenho
o sonho de fazer La Bayadère, O Corsário e Bela Adormecida.
5-Pretende fazer
apresentações/espetáculos fora do theatro municipal?
Pretendo fazer muitos
espetáculos, queria levar essa companhia para fora do Rio de Janeiro e para
fora do país, precisamos achar mecanismos para levá-la a outros públicos.
6- Você é uma grande inspiração
para os bailarinos atuais, quais você acha que são as inspirações para essa
nova geração, além de você?
Nossa, há tantos artistas e
bailarinos maravilhosos, mas não posso deixar de citar essa geração estrelar
que saiu da Escola Vaganova e da Escola Coreográfica do Bolshoi. Tem várias
bailarinas francesas maravilhosas que são muito representativas dentro do drama
que o ballet faz com que o público fique cada vez mais eletrizado. Svetlana
Zakharova é uma bailarina maravilhosa, Oksana Skorik, , Olesya Novikova que é
um encanto. Atualmente tem esses bailarinos que adoro e que são maravilhosos,
como o Xander Parish do Mariinsky, o Rodkin do Bolshoi, David Motta que está
crescendo no Bolshoi e que é uma inspiração para vocês, pois só trabalho é o
que leva ao triunfo. Só ballet prepara ballet.
7-Agora com o espetáculo Be
Marche, coreografado pelo Thiago Soares, você fez uma participação
surpreendente. Qual a sensação de estar de volta aos palcos, principalmente o
do Theatro Municipal?
O palco do Theatro é mágico, já
dancei em vários teatros e companhias pelo mundo, mas dançar no palco dessa
casa, onde eu sempre sonhei em ser bailarina principal dessa companhia desde os
meus 15 anos é mágico e cada vez que eu entro nesse palco parece que é a primeira
vez.
8-Qual a sensação de ser a
diretora da Companhia e estar dançando junto com eles?
É um peso enorme saber que estou
representando eles. Estar a frente da companhia é sempre um motivo de alegria,
mas acima de tudo, é uma orgulho enorme saber que tudo o que fiz lá atrás,
esses maduros bailarinos estão dando prosseguimento.
9-O governo anunciou um corte de
46% nas verbas do Theatro e logo depois anunciou o retorno da autonomia do
Theatro. Como você acha que ficará o trabalho do corpo de baile?
Eu tenho sempre muita fé. Se a
gente não vai resgatar tão rapidamente tudo o que nós tínhamos no passado não
muito distante, pelo menos nós já estamos mais confiantes de que para o segundo
semestre as coisas mudarão e que voltaremos a galgar, novamente, nosso lugar de
prata da casa.
10-A escola de danças foi criada
para ser o celeiro de bailarinos do corpo de baile. Como você vê o trabalho da
escola e se você pretende usar os alunos da escola nas próximas montagens?
A escola vem crescendo de uma
forma maravilhosa e o Hélio Bejani tem feito uma direção espetacular muito
voltada para o crescimento da escola. Eu quero ela volte a fornecer esses
alunos formados para as linhas do corpo de baile, que esses alunos venham
estagiar conosco durante todas as nossas produções. Quero que eles tenham aqui
dentro a experiência, mesmo que em processo de estágio técnico e artístico, que
estejam presentes nas linhas do corpo de baile para ter a sensação de como é. O
trabalho é duro, mas é compensador.
11-Você é a musa inspiradora de
muitas alunas da escola, qual conselho você daria para suas fãs?
Só ballet prepara ballet. Muito
trabalho, muita dedicação e acima de tudo, ética no seu trabalho. Entenda que
você tem um lugar no Sol sim, mas seus colegas também merecem esse lugar ao Sol
também. Ética é um princípio que não pode ter fim. Desejo muita boa sorte,
bastante plié e pé esticado.
Maravilhosa Célia vc merece isso e muito mais
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