sexta-feira, 28 de junho de 2019

Cecília Kerche de bailarina internacional à diretora do Ballet do Theatro Municipal ✨



  

Na história do ballet clássico não se pode deixar de mencionar esse nome tão brilhante nessa arte quanto o de Cecília Kerche. Em 1982, ingressou como coriféia no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo se tornado Primeira Bailarina após 3 anos e atualmente é ensaiadora e diretora do mesmo. É conhecida mundialmente por sua técnica, beleza e interpretação surpreendentes, tendo dançado em 18 companhias estrangeiras com os maiores bailarinos do mundo, em 4 continentes, em festivais e galas internacionais. É considerada uma das 10 maiores cisnes do mundo. Para sabermos um pouco mais sobre esse grande nome do ballet clássico, a seguir apresentaremos uma breve entrevista.


1-Depois de anos sendo a primeira bailarina do Theatro municipal, há algum tempo foi convidada para administrar o corpo de baile. Qual é a diferença de ter sido a grande estrela do corpo de baile e agora ser a diretora dele?
É um orgulho, uma importância, uma responsabilidade enorme cuidar da carreira de bailarinos tão dedicados que fazem parte do corpo de baile; saí da barra cuidando dos meus arabesques, agora tenho que tomar conta do arabesque de toda a companhia. É a continuação da minha carreira sendo dançada no corpo dos meus colegas.

2-Nos últimos anos o país tem passado por uma crise, que afeta também o Theatro, tiveram paralisações, greves e manifestação. O que você pensa sobre a atual realidade do theatro? Acha que esse momento de crise ainda está um pouco presente ou ja foi superado?
A crise está sendo sublimada pela vontade de realizar nesse Theatro, acredito que essa crise já precisava ter passado para que pudéssemos resgastar o público e mostrar o quanto valioso eles tem nas mãos, os artistas desse Theatro.

3-Estar entre as 10 melhores Odile e Odete em Lago dos Cisnes faz com que queira remontar esse ballet ou criar uma nova versão para ele?
Esse ballet já tem 5 versões criadas para o Corpo de Baile. A companhia dança desde 1959, a primeira vez que montou o ballet completo nas Américas com remontagem de Eugenia Feodorova.  Então pretendo montar outros ballets como La Bayadère, O Corsário e Bela Adormecida junto com a Ana Botafogo. O importante é sempre manter os clássicos que já temos no repertório e acrescentar a essa companhia, para que ela se fortaleça cada vez mais e deixe esse legado para as futuras gerações.


4-Quais são seus planos futuros para o corpo de baile?
Quero montar ballets que são importantes para o repertório de uma companhia tradicional como a nossa, tenho o sonho de fazer La Bayadère, O Corsário e Bela Adormecida.

5-Pretende fazer apresentações/espetáculos fora do theatro municipal?
Pretendo fazer muitos espetáculos, queria levar essa companhia para fora do Rio de Janeiro e para fora do país, precisamos achar mecanismos para levá-la a outros públicos.

6- Você é uma grande inspiração para os bailarinos atuais, quais você acha que são as inspirações para essa nova geração, além de você?
Nossa, há tantos artistas e bailarinos maravilhosos, mas não posso deixar de citar essa geração estrelar que saiu da Escola Vaganova e da Escola Coreográfica do Bolshoi. Tem várias bailarinas francesas maravilhosas que são muito representativas dentro do drama que o ballet faz com que o público fique cada vez mais eletrizado. Svetlana Zakharova é uma bailarina maravilhosa, Oksana Skorik, , Olesya Novikova que é um encanto. Atualmente tem esses bailarinos que adoro e que são maravilhosos, como o Xander Parish do Mariinsky, o Rodkin do Bolshoi, David Motta que está crescendo no Bolshoi e que é uma inspiração para vocês, pois só trabalho é o que leva ao triunfo. Só ballet prepara ballet.

7-Agora com o espetáculo Be Marche, coreografado pelo Thiago Soares, você fez uma participação surpreendente. Qual a sensação de estar de volta aos palcos, principalmente o do Theatro Municipal?
O palco do Theatro é mágico, já dancei em vários teatros e companhias pelo mundo, mas dançar no palco dessa casa, onde eu sempre sonhei em ser bailarina principal dessa companhia desde os meus 15 anos é mágico e cada vez que eu entro nesse palco parece que é a primeira vez.


8-Qual a sensação de ser a diretora da Companhia e estar dançando junto com eles?
É um peso enorme saber que estou representando eles. Estar a frente da companhia é sempre um motivo de alegria, mas acima de tudo, é uma orgulho enorme saber que tudo o que fiz lá atrás, esses maduros bailarinos estão dando prosseguimento.

9-O governo anunciou um corte de 46% nas verbas do Theatro e logo depois anunciou o retorno da autonomia do Theatro. Como você acha que ficará o trabalho do corpo de baile?
Eu tenho sempre muita fé. Se a gente não vai resgatar tão rapidamente tudo o que nós tínhamos no passado não muito distante, pelo menos nós já estamos mais confiantes de que para o segundo semestre as coisas mudarão e que voltaremos a galgar, novamente, nosso lugar de prata da casa.

10-A escola de danças foi criada para ser o celeiro de bailarinos do corpo de baile. Como você vê o trabalho da escola e se você pretende usar os alunos da escola nas próximas montagens?
A escola vem crescendo de uma forma maravilhosa e o Hélio Bejani tem feito uma direção espetacular muito voltada para o crescimento da escola. Eu quero ela volte a fornecer esses alunos formados para as linhas do corpo de baile, que esses alunos venham estagiar conosco durante todas as nossas produções. Quero que eles tenham aqui dentro a experiência, mesmo que em processo de estágio técnico e artístico, que estejam presentes nas linhas do corpo de baile para ter a sensação de como é. O trabalho é duro, mas é compensador.

11-Você é a musa inspiradora de muitas alunas da escola, qual conselho você daria para suas fãs?
Só ballet prepara ballet. Muito trabalho, muita dedicação e acima de tudo, ética no seu trabalho. Entenda que você tem um lugar no Sol sim, mas seus colegas também merecem esse lugar ao Sol também. Ética é um princípio que não pode ter fim. Desejo muita boa sorte, bastante plié e pé esticado.




 ENTREVISTADORAS:Ana Beatriz Freire Favaron & Lorrany Luize Leibão  (1°Técnico)

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