Nossos Mestres
À Mestra das pontas, com carinho
Jacy
França Jambay leciona na Escola Estadual de Danças Maria Olenewa há trinta e
três anos e seu trabalho de pontas é conhecido por sua eficácia e resultados
excelentes. Ainda na ocasião das comemorações dos dez anos do Tour en L´air, a
equipe decidiu homenagear esta célebre professora realizando uma matéria com
uma entrevista saída do forno!
(da esquerda para direita), professoras Jacy Jambay e Luciana Bogdanich
Como foi sua carreira de bailarina? Como ela se iniciou?
Minha
carreira se iniciou no Ballet do Rio de Janeiro, da Dalal, quando já havia me
formado na EEDMO. Com essa companhia realizei uma tournée com a Margot Fonteyn
durante quatro meses. Depois disso, retornei ao Corpo de Baile do Theatro
Municipal, onde estagiava antes de viajar. Em 65, pedi licença no Theatro e fui
para a Companhia de Ballet Nacional da Venezuela, onde permaneci por dois anos.
Dancei também no Teatro Guaíra e, finalmente, retornei ao Corpo de Baile do
TMRJ, lá ficando por 22 anos.
Professora Jacy, e seu marido, também professor, Ceme Jambay
O que a levou a ser professora? Como isso se deu?
Na verdade, eu não
queria ser professora. Quando sai do Corpo de Baile a Dona Consuelo insistiu
que eu fosse lecionar na EEDMO. Demorei dois meses para decidir, porque eu, na
verdade, não queria. No final, acabei aceitando a proposta e estou há 33 anos
na Escola.
Fale um pouco sobre o seu trabalho de pontas. Como o
desenvolveu e qual o seu objetivo?
Eu
desenvolvi esse trabalho adaptando exercícios que o professor Ceme Jambay, meu
marido, aplicava na meia ponta para a sapatilha de ponta. Dei início a minha
pesquisa utilizando como “cobaias” as alunas do Studio Terezinha Goulart, onde
também dava aulas. Comecei a observar um excelente
resultado desse trabalho que tem como objetivo o fortalecimento do tornozelo e
trabalho dos pés. Comecei a aplicar esses exercícios na EEDMO também. Eu dava
aulas de meia ponta e ponta uma vez por semana e só depois passei a trabalhar
somente com aulas de ponta. Os dois anos
que passei nos Estados Unidos também contribuíram, para o desenvolvimento
desses exercícios que visam pés fortes e trabalhados. Eu acho que o resultado é
bom, e vejo que minhas alunas também ficam satisfeitas.
Foto extraída do documentário “Jacy França Jambay – Um
Trabalho de Ponta”
Fale da sua relação com a Escola Estadual de Danças Maria
Olenewa
Minha relação é de
gratidão, amor e amizade, pois essa Escola me deu a vontade que eu não tinha de
lecionar. O desenvolvimento das alunas e o apoio da coordenação me satisfazem,
aumentando ainda mais a minha vontade de contribuir na Escola.
Quais as diferenças entre EEDMO de hoje e a na qual você se
formou, sem 59?
Não tive contato
suficiente com a Escola para poder realizar uma comparação, pois só fiquei um
ano nela. Na época eram 7 anos de curso e podia-se entrar no último ano. Fiz a
prova, passei e entrei no último ano, me
formando em seguido. O que me lembro é que tínhamos uma carência de professores
que hoje não existe. Muitas vezes tínhamos aulas com bailarinos do Corpo de
Baile que possuíam algum tempo livre. Hoje há um grande número de professores,
o que garante um melhor aprimoramento da técnica dos alunos.
Poderia deixar uma mensagem para os que querem seguir
carreira no balé clássico?
Hoje, percebo que, em
geral, os alunos não se dedicam ao ballet como se dedicavam os de antigamente.
Ao entrar na Escola deve-se dar o melhor possível de si a cada aula,
entregando-se de corpo e alma. A Escola oferece tudo, mas o aluno deve fazer
bem feito. A dedicação deve ser total, mesmo que não queira ser bailarino. O
aluno da EEDMO deve respeitar os professores e entregar-se ao trabalho diário. Deve-se
amar aquilo que fazemos, mas para se tornar um bom bailarino é necessário não
somente amar o ballet, e sim apaixonar-se por ele.
Giulia Rossi