domingo, 18 de setembro de 2016

A carreira de uma das figuras mais importantes da dança brasileira: Paulo Rodrigues

Paulo Rodrigues, Primeiro Bailarino do TMRJ

Nascido em São Caetano do Sul / SP no dia 18 de julho de 1957, Paulo Rodrigues, Paulão, como é conhecido entre os colegas e alunos é responsável por ministrar as aulas de Pas de Deux e de técnica masculina na Escola. Tem enorme experiência no mundo da dança, que surgiu em sua vida ocasionalmente. Trabalhou com importantes nomes no ballet, tais como Tatiana Leskova, Eugenia Feodorova, Ivan Nagy e foi partner de estrelas como Ana Botafogo e Cecília Kerche.

Paulão e a aluna Amanda Marinho (formanda 2016) na aula de Pax de Deux

Repletas de passos belos e elaborados e de uma energia contagiante, suas aulas são incríveis e não há quem não se divirta e aprenda ao máximo durante as aulas.

FORMAÇÃO: Licenciatura plena em educação física pela Faculdade Vila Rosália (Guarulhos / SP) Pós Graduação em Administração e Supervisão Escolar pela Universidade Cândido Mendes.

ATUAÇÃO PROFISSIONAL: Solista do Balé da Cidade de São Paulo (1978-1981). Solista do Ballet Nacional do Chile (1981-1982). Primeiro Bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (desde 1988), atuando, nos principais papeis de todo o repertório clássico e em diferentes versões de importantes coreógrafos como: Tatiana Leskova, Pierre Lacote, Eugênia Feodorova, Ivan Nagy, Natalia Makarova, George Balanchine, Ruzena Malakova, Uwe Scholz, e Obras como Sagração da Primavera, L’aprés midi d’um Faune (Vaslav Nijisnsky) e Les Noces (Bronislava Nijinska), entre outros.

PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS COMO PRIMEIRO BAILARINO CONVIDADO: Festival Internacional de Ballet de Havana (Cuba), III Conferência Interamericana de Especialistas em Ballet (Caracas-Venezuela), Gala Beneficente “As Estrelas Mundiais do Ballet” (Santiago – Chile), VI Massako Oya World Ballet Competition (Osaka – Japão), Espetáculo comemorativo dos 500 anos de descobrimento da América, como convidado do Ballet Nacional de Cuba (Madri – Espanha), “O Lago dos Cisnes” e “Giselle” no Ballet Nacional de Caracas (Caracas - Venezuela), Festival Internacional de Dança (Nova York -Estados Unidos da America).

ATIVIDADE ATUAL: Diretor artístico, professor e coreógrafo do Projeto Social Dançando para não Dançar (desde 2003). Professor da Escola de Dança Maria Olenewa, Escola profissionalizante da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro (desde 2004). Professor convidado da Companhia de Ballet da Cidade de Niterói Atua como convidado dos maiores festivais e eventos de dança do Brasil e da América Latina, como jurado, professor e remontador de todo o repertório clássico, assim como de obras contemporâneas.


Entrevista:
“Nunca pensei em ser bailarino, o ballet ‘aconteceu’ na minha vida.”
TOUR: O que te levou ao ballet e quando você decidiu que queria ser bailarino?
Paulão: Minha vida é um pouco diferente de “bailarino”. Eu nunca pensei que seria bailarino, minha formação é totalmente diferente. Minha formação veio do esporte. Minha primeira formação foi em ed. física. Fui praticamente obrigado a fazer dança na faculdade, seu eu não fizesse poderia ser reprovado. Então não tinha interesse, aconteceu na minha vida dessa forma. Quando comecei a fazer dança na faculdade eu comecei a gostar daquele tipo de trabalho que até então eu não conhecia. Comecei a gostar da matéria e entrei no grupo de dança que tinha na faculdade, a convite do Edson Carlos. Esse grupo, quando me formei, ensaiava aos sábados e depois foi para São Paulo. Em São Paulo o grupo se manteve como Casa Forte e comecei a trabalhar com eles. Me formei em educação física, dei aula por um tempo mas fazia dança todo dia a noite. O Grupo de Dança Casa Forte deu uma reviravolta na minha vida. Dançávamos muito aos finais de semana e o pessoal do Teatro Municipal de São Paulo assistia aos nossos espetáculos. Nosso grupo era formado de atletas, então tinham todo um físico ótimo, só que não era pra dança. Trabalhávamos mais com a linguagem moderna, contemporânea. Me vendo dançar, Luis Arrieta me convidou para ser pré-profissional, fazer estágio na companhia do Teatro Municipal de São Paulo. Me interessei, comecei a trabalhar no Teatro e quando vi eles me deram um contrato pra dançar na companhia. Comecei a fazer ballet muito tardiamente. Fazia jazz aos 16, mas ballet só aos 18 mesmo. Fiquei no Teatro Municipal de São Paulo por quatro anos e depois fui para o Chile. Nunca fiz audição na minha vida, sou um cara de sorte, nunca botei número nas costas nem nada disso. De São Paulo me carregaram para Santiago do Chile. A companhia de Santiago do Chile precisava de solista, Ivan Nagy, diretor da companhia estava em São Paulo e me viu fazendo aula e ensaiando e me convidou pra ir pra Santiago como solista e eu fui. De Santiago fui pra Caracas, depois fui pra Cuba e fiquei viajando pela América do Sul, sempre convidado pra dançar.

TOUR: Como você chegou ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro?

Paulão: Em 1983 Dalal Achcar, que já me conhecia de São Paulo, me convidou pro TMRJ. Precisavam de um bailarino forte para fazer Nacib de Gabriela. Vim ao Brasil, dancei e depois acabei recebendo um convite pra continuar como solista aqui. Gostei e estava com saudades do Brasil, então resolvi ficar. Com o passar dos anos comecei a dançar os primeiros papeis aqui também até ser primeiro bailarino a convite de Tatiana Leskova.


TOUR: Tem algum ballet que tenha te marcado mais?
Paulão: Gosto de ballets que tenham muita interpretação. Gosto de Giselle, La Shylphide, de Dom Quixote que têm toda aquela coisa teatral. Gosto de ballets que você interprete, cresço muito com o trabalho teatral. Acho que todos os ballets de repertório se destacaram bastante na minha vida, mas tem sempre um que a gente gosta mais.
Paulo Rodrigues, Ana Botafogo e Corpo de Baile do TMRJ em O Quebra Nozes.

TOUR: Como você se tornou professor da Escola?
Paulão: Parei de dançar ha uns 15 anos por problemas de coluna. Quando parei de dançar comecei a me dedicar a ser professor aqui no Theatro e aqui na Escola de Dança. Maria Luisa já havia me chamado para dar aula aqui e quando parei de dançar eu vim. Sempre gostei de trabalhar com a formação. Gosto da companhia também, mas gosto muito da formação, isso que é importante.
Paulão durante aula para turma de rapazes.

Paula Caldas - 1º técnico

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