sexta-feira, 29 de abril de 2016

DIA DA DANÇA

Hoje, dia 29 de abril, comemora-se o Dia Internacional da Dança. Criado em 1982 pelo Comitê Internacional de Dança da Unesco, a data é uma homenagem ao nascimento do bailarino, ensaiador e professor francês Jean Georges Noverre (1727-1810), considerado o criador do ballet moderno.



Jean Georges Noverre

Esse grande nome teve como mérito oferecer novas possibilidades a linguagem dos ballets, trazendo uma outra concepção do que deveria ser um espetáculo de dança. Noverre acreditava que o ballet deveria imitar a natureza, não sendo apenas um divertimento, mas uma obra que seja capaz de comover e emocionar. Nesse sentido, lançou o “ballet d´action”: a obra coreográfica deveria ter um enredo que se desenrolasse através de uma movimentação intimamente vinculada aos temas, ou seja, uma movimentação dramática; a relação entre os personagens deveria ser melhor explorada e, por fim, a dança não poderia se basear apenas no virtuosismo dos solistas. Por primar pela expressividade, Noverre será um grande crítico do ballet do Opera de Paris e de seu professor Louis Duprè, o julgando uma “máquina de dançar”.
Noverre foi então, num certo sentido, o gérmen do que acreditamos como dança hoje em dia: uma arte que tem como prioridade não a execução, mas a emoção, o sentimento. Daí sua grande relevância para nós.
Para comemorar o dia, nada melhor que dançar. Como isso já faz parte de nossa rotina, a data é fundamental também para que possamos refletir sobre o fazer artístico e sobre esse ofício que escolhemos. Primeiramente, é um dia para lembrar da importância da dança para a construção de um mundo melhor, e, portanto, chamar a atenção do público em geral e de entidades governamentais no sentido de incentivar e apoiar as iniciativas desta arte. A dança e as outras linguagens artísticas se mostram instrumentos importantíssimos na formação do indivíduo e devem ter espaço garantido e reconhecido na educação e na vida cultural da população.


Turma de nível básico da EEDMO

Turma de formandas da EEDMO 2015

É interessante também pensarmos na própria profissionalização do dançarino/bailarino e seu reconhecimento. O debate sobre o mercado de trabalho, sobre a regulamentação da profissão, sobre as possibilidades de carreira dentro do mundo da dança deve ser estimulado para que haja avanço nesses aspectos.
Nós como representantes da dança temos que trabalhar para faze-la crescer em todas as suas possibilidades e lutar para que ser torne mais acessível e mais reconhecida.
Está em nossas mãos tornar o mundo mais dançante,



"Eu somente acreditaria em um Deus que soubesse dançar"
Friedrich Nietzsche


Espetáculo de fim de ano da EEDMO (2015)
La Bayadere

Maria Luisa Patury - 1° Técnico

domingo, 24 de abril de 2016

Maria Baderna – Bela, recatada e do lar

Segundo dicionário Houaiss, “baderna” significa:

1 situação em que reina a desordem; confusão, bagunça

2 divertimento noturno; boêmia, noitada

3 conflito entre muitas pessoas; briga, rolo

4 Derivação: por metonímia.

grupo de pessoas desprezíveis; corja, súcia

A revolucionária dançarina francesa Marietta Baderna, que ousou questionar a cultura imperial.

Todos sabem que “baderna” é sinônimo de bagunça. O que não se sabe é a rica história que existe por trás de sua origem. Nascida no ano de 1828, em Castel San Giovanni, Piacenza (Itália), filha do médico e músico Antônio Baderna, Marietta foi aluna do coreógrafo Carlo Blasis. Estreou aos 12 anos em sua cidade natal, e logo integrava a companhia de dança do teatro Scala de Milão. Nessa época a Itália estava fervendo politicamente, buscando a unificação, e ocupada pela Áustria. Marietta era militante, seguidora de Giuseppe Mazzini, e obedecia a ordem da diretiva revolucionária de não participar da vida artística enquanto os austríacos estivessem na Itália.


Marietta Baderna
                                                   
Seu pai, Antonio, era republicano e tinha sido derrotado no movimento democrático de 1848. Para fugir da repressão, levou a filha a aceitar um convite para se apresentar no Brasil, onde desembarcaram no ano seguinte. Marietta estreou em terras brasileiras no dia 29 de setembro de 1849, no balé "Il Ballo delle Fate" (A Dança das Fadas). Como primeira-bailarina do Scala, Marietta despertou desde o início a atenção dos brasileiros, que nunca tinham visto uma artista dessa categoria. Mas foi do contato com a dança das negras e com o canto de resistência dos escravos que Marietta Baderna fez-se uma bailarina do povo. Ela se encantou com os ritmos africanos e com a ginga das negras e mulatas e incorporou os passos fortes e sensuais do lundu, da cachuca e da umbigada. Marietta vivia de maneira excessivamente liberal para o Brasil de D. Pedro II. Num ambiente de moralismo e preconceito, pode-se imaginar o escândalo quando, no Recife, em 1851, Baderna resolveu apresentar um lundum. Apesar dos protestos racistas, a temporada foi mais um sucesso. Sempre que os moralistas tentavam boicotá-la (diminuindo seu tempo no palco, ou a colocando em segundo plano), seus seguidores (badernistas) protestavam, batendo os pés no chão e interrompendo o espetáculo. Ao término da apresentação, saíam do teatro batendo os pés e gritando o nome da musa: Baderna.

Nos anos seguintes, o panorama artístico do Rio de Janeiro alterou-se. O público interessava-se cada vez mais pela ópera e pelas cantoras, o que levou à marginalização da dança. As umbigadas libidinosas aprendidas com os escravos no Largo da Carioca não caíram bem aos olhos da “boa sociedade”, que pouco a pouco passou a torcer o nariz para Marietta. Torceu mais ainda quando a moça se declarou antimonarquista e tratou de armar greves contra empresários que não pagavam os artistas. Saiu das graças da imprensa e dos mais conservadores. Seus últimos passos na capital da Corte foram registrados em 1865, quando, já em decadência, atuava como dançarina de vaudeville. Não se sabe exatamente por onde viveu depois disso ou quando morreu, mas uma coisa é certa: de seu nome completo – Marietta Baderna – originou-se mais uma palavra no nosso vocabulário. 




Livro que conta a história de Maria: "Maria Baderna - a bailarina de dois mundos" , de Silverio Corvisieri

As referências à Baderna na imprensa escasseiam, mas sabe-se que ainda estava no Rio em 1856. Reapareceria na França em 1863, onde fez sua despedida dos palcos, em 1865. Depois, veio o silêncio, ajudando a alimentar o mito. O mito da bailarina que foi amiga do grande ator João Caetano, contemporânea de cantoras famosas como a Candiani e elogiada por escritores e jornalistas como José de Alencar ou José Maria da Silva Paranhos, o futuro Visconde do Rio Branco. Mito de uma mulher que ousou desafiar as normas de uma sociedade conservadora e escravista..

Marietta Baderna foi mulher livre e dona de si. Viveu plenamente como bailarina e dançou como quis. Seu espírito ainda habita as ruas desse Brasil: nós, mulheres, somos livres para sermos como bem entendermos.E ponto final.


"Bloco Maria Baderna", em Contagem, MG.
Bloco Maria Baderna.



Giulia Rossi - 2° Técnico e Sabrina Roberti - 1° Técnico

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Emoções que só os alunos da EEDMO podem viver

As vantagens de estudar numa escola de dança nos moldes da EEDMO, que tem um vínculo tão estreito com a maior companhia de ballet do seu país (TMRJ), são inumeras. Temos desde muito cedo o que há de melhor em matéria de: professores, referências profissionais e oportunidade de vivenciar a dança. Não é atoa que ano após anos, as audições para ingressar nessa escola vem ganhando cada vez mais inscritos.
Entretanto, difícil é descrever o verdadeiro privilégio de trabalhar desde os primeiros anos de estudo, junto do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e sobretudo, com os inúmeros coreógrafos que a casa recebe. Momentos que alimentam sonhos, oportunidade que propiciam um crescimento saudável e um amadurecimento artístico precoce, e a certeza, para os pais dos alunos, de que seus filhos estão sobre boas mãos.
O mês de abril, proporcionou aos alunos no nível preliminar e básico da EEDMO, uma experiência que, sem dúvida, ficará registrado para sempre na vida desses futuros bailarinos, pois ninguém menos que o Primeiro Bailarino do Amercian Ballet Theatre, Marcelo Gomes, convidou-os para participarem da sua nova coreografia, criada especialmente para o CBTMRJ.

Marcelo Gomes, CBTMRJ e alunos da EEDMO

Contando com a assistência da professora Silvana Andrade(assistente direta do coreógrafo), os alunos das professoras Paula Albuquerque e Sabrina Germann interagem de maneira muito expontânea no meio dos bailarinos profissionais. A presença de crianças tão carismática no dia a dia da cia, é motivo de muita risada e divertimento.
Marcelo Gomes e sua assistente e professora EEDMO
Silvana Andrade

Alunos: Adriel e Clarice



A temporada Trilogia Amazônica que terá a assinatura de mais dois coreógrafos e está marcada para o mês de agosto. Enquanto isso nossos alunos vão se aperfeiçoando e vivenciando de maneira cada vez mais intensa esse ballet tão rico.




Luan Limoeiro - 3° Técnico

domingo, 17 de abril de 2016

Conversando com Cícero Gomes: artista de corpo, coração e alma.

Conversando com Cícero Gomes: artista de corpo, coração e alma.


Cícero Gomes - Primeiro Solista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.



Ainda estamos todos em êxtase pós tão inspiradora palestra. Plateia plural, porém unida por um sentimento comum: a admiração a Cícero Gomes. Notório em todos os olhares, dos básicos aos técnicos, dos professores aos responsáveis, o brilho de admiração a esse bailarino, artista e tão inspirador ser humano que ao longo de todo bate-papo partilhou com todos, suas experiências de vida e arte. O ar descontraído mostrou-nos que não se tratava apenas de uma palestra, mas de um bate papo entre amigos, alguém que queria aprender e alguém que se doava pra ensinar. Ao longo do bate-papo, Cícero demonstrou de maneira singular que um artista-bailarino não se forma apenas na barra, na sala de aula e somente de tendus e pliés. Mostrou - nos o quão transcendente é esta arte. Explicitou o quanto sua personalidade se assemelha a de tantos personagens que já interpretou: Bobo da corte, arrancando tantas gargalhadas e nos dizendo tantas verdades; Basílio, enérgico e de tão grandiosa humildade; Solor, marcante e intenso. Sua personalidade cativante encantou a todos e toda sua bagagem profissional com certeza agregou enriquecedor conhecimento a todos nós alunos.



Conversando com: Cícero Gomes.


Um pouco sobre a vida e carreira de Cícero Gomes...



Nascido em Macaé, no interior do Rio de Janeiro, Cícero se interessou por ballet após assistir um espetáculo na TV, ainda criança. Quis saber o que era aquilo e a mãe, de quem ele se refere sempre com muito carinho e amor, respondeu que era ballet. Pediu então que o levasse para ter aulas de ballet junto com sua amiga num salão paroquial e assim foi. De início, houve um estranhamento, fazendo Cícero deixar as aulas. Mas logo percebeu que gostava muito e quis voltar. Durante as aulas, perceberam nele um grande potencial e talento e recomendaram que entrasse numa academia. Lá, passava o dia inteiro aprendendo vários tipos de dança.

Sua técnica e gosto pela arte foram crescendo, foi ganhando espaço e reconhecimento até que, aos 13 anos, ganhou uma bolsa para estudar na Escola de Ballet da Ópera de Viena (Áustria). Lá permaneceu durante um tempo, mas como era muito jovem e, apesar da bolsa integral na Escola, o custo de vida lá era exacerbado, voltou para o Brasil. Aqui deu continuidade a seus estudos e carreira, até que, durante o I Festival De Dança de Rio das Ostras, Wanda Garcia, Tia Wandinha, recomendou que fizesse prova para a EEDMO. Sua mãe deu apoio e o mandou rapidamente para morar com a tia no Rio de Janeiro. Cícero se preparou para a prova durante as férias e entrou na Escola. Contou-nos de uma maneira divertida e descontraída sobre suas primeiras aulas: começou o primeiro dia no 2º Básico, terminou no 2º Médio e no dia seguinte estava no 1º Técnico. Pelo seu alto empenho durante as aulas, o professorem enxergaram nele grande possibilidade e talento e, em apenas dois dias o adiantaram para quatro turmas acima.


Cícero conversando abertamente com o público e alunos da EEDMO.


Após seu o ingresso na Escola, Cícero passou a fazer parte da Cia Jovem de Ballet. Com a Cia Jovem, dançou muito, viajou muito e conheceu grandes personalidades do mundo da dança. Quando se formou na EEDMO, a diretora Maria Luisa Noronha conseguiu uma bolsa para ele na Elmhurst School for Dance by Birmingham Royal Ballet (Inglaterra). Um mês depois que Cícero partira, já estava voltando. Percebeu que seu lugar era aqui no Brasil e queria construir sua carreira aqui.

Quando o viu dançar, a então presidente da Fundação Theatro Municipal, Carla Camurati, achou que Cícero deveria entrar para a Companhia do BTM. Cícero entrou para o BTM e, com muito esforço e dedicação, fez carreira, foi efetivado e cresceu enormemente na Companhia, até ser nomeado Primeiro Solista, cargo que mantém até os dias atuais. Cícero passou muitas dificuldades. Fossem financeiras ou afetivas com o pai, nunca se deixou abalar e enfrentou todas de cabeça erguida. Detentor de um vasto repertório e tendo interpretado uma série de importantes papeis, não gosta de assistir vídeos de outros bailarinos. Extremamente autêntico Cícero constrói seus personagens através de pesquisas, leituras, seus sentimentos e emoções pessoais e, muito importante, com a música. “Ouço a música o máximo de vezes possível, ela fala, diz exatamente o que devo fazer.” Contou-nos.




Cícero e os formandos 2016.

Paulo Melgaço, Elizabeth Oliosi, Cícero Gomes, Cristiana Campello e Helio Bejani.


Sem sombra de dúvidas que cada um dos presentes saiu ainda mais apaixonado por essa arte e por esse artista, e impulsionados pelo combustível proveniente dos conselhos e belas palavras ditas por ele (e esperançosos de em breve poder ver seu desejo de ser professor na Escola de Dança se concretizando). Definido por todos como "maravilhoso", "inspirador" e "indescritível", esse realmente foi um Conversando Com que ficará gravado em nossas mentes e corações.


Cícero Gomes - Artista de Corpo, Coração e Alma.


"Eu só tenho a agradecer... Respeitado, acarinhado, abraçado... Foi assim que me senti. Obrigado."
Cícero Gomes quinta-feira 14/4 sobre palestra na Sala Mário Tavares  para os alunos da EEDMO.



Clara Judith e Paula Caldas - 1º Técnico

quarta-feira, 13 de abril de 2016

EEDMO amplia seu quadro de professores

Teresa Augusta
Mergulhando de cabeça no Ballet




A professora Teresa entra na sala uns vinte minutos antes da aula. Ensina aos alunos exercícios de aquecimento, alongamento e fortalecimento. Pergunta sobre os ballets de repertório, fala sobre seus trechos e músicas. Mostra os passos elaborados com detalhes, dando ênfase aos braços , tão importantes para a dança. Teresa Augusta, bailarina de primeiros papéis do TMRJ, voltou, em 2016, a lecionar na Escola de Danças, e o Tour en L´air escreve essa matéria para contar um pouco de sua trajetória e homenagear essa célebre professora. Realizamos uma entrevista e coletamos depoimentos. Leia e divirta-se!

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Entrevista:

Tour: Como foi sua trajetória como aluna até a sua formação como bailarina profissional? Quais foram as principais dificuldades durante esse processo?

Teresa: Eu comecei aqui na Escola de Dança aos oito anos, na turma de preliminar, com Regina Bertelli e Amélia Moreira. Foram anos difíceis porque nós não tínhamos o Theatro... Fazíamos aula lá na Rua da Passagem, próximo do Canecão. Então não tinhamos ideia do que era Theatro Municipal, nem Ballet... pouco víamos meninas mais velhas fazendo alguma coisa. Então fazíamos por amor...De modo um tanto intuitivo.
Depois viemos para o prédio da Lapa e tivemos aulas com professores que sempre tinham muita dedicação, ex-bailarinos do Theatro Municipal que, além de nos dar a eficiência da técnica e conteúdo programático, nos contavam histórias e nos apresentavam os ballets que mais tarde eu viria a dançar... isso foi muito instigante para mim. Logo depois, em 81, quando Dalal Achcar assumiu a direção, começamos a ver ballets propriamente ditos: Romeu e Julieta, Dom Quixote, Copélia, Quebra Nozes... e aí eu me encantei. Já estava no terceiro médio. Quando fui para o nível técnico tive professores realmente exigentes, e que eu via uma melhora na minha dança, nada era fácil. Era uma exigência absurda, e foi muito importante a presença desses professores numa escola pobre, porque nós não tínhamos muita estrutura (como sempre a verba nunca existe para a Escola de Danças e para a cultura em si), mas tínhamos pessoas empenhadas, pessoas muito boas, todas ex-bailarinas do Theatro, com uma paixão muito grande pelo o que faziam e isso foi muito importante para o que eu faço e para o que eu sou hoje.

Teresa Augusta e seu mestre já no TMRJ Eric Valdo


Tour: Como se deu o seu ingresso no Corpo de Baile do TMRJ? Como foi o processo de ascensão até dançar primeiros papéis?

Teresa: Ingressei no Corpo de Baile sem nem terminar o terceiro ano técnico. Tive essa oportunidade de fazer a prova quando acabei o segundo ano técnico e passei. Foi uma vitória muito grande, eu tinha 16/17 anos e ingressar em um Corpo de Baile extremamente profissional, que já vinha dançando ballets de repertório com a diretora Dalal Achcar foi realmente uma conquista valiosa para mim.
A ascensão foi muito lenta e muito sofrida, porque tínhamos muitas bailarinas, primeiras estrelíssimas, solistas maravilhosas...então foi muito devagar. Eu dancei muito no Corpo de Baile, fiz muitos solos, demie-solos, realmente eu vivi muito a minha profissão até chegar a dançar como primeira bailarina.. um tutu costurado só pra mim... Levaram anos... Anos! Mas eu nunca deixei de estar em cena.. isso me deu bagagem muito rica, uma riqueza de conhecimentos, que me facilitam na hora de compor, de ensaiar os bailarinos, de saber o que precisa ser dito, feito e como deve ser feito. Isso se deve ao fato deu ter feito muitos papeis e não apenas os primeiros papeis, pois em um único ballet era possível eu estar fazendo de tudo: Corpo de Baile, solo, demie-solo e o primeiro papel. Isso me trouxe muita experiência.



Tour: Quais Ballets marcaram sua carreira? Por que cada um marcou?

Teresa: Eu acho que todos. Todos foram importantes. O engraçado da minha trajetória no Theatro, é que comecei interpretando uma planta, e no dia seguinte eu fazia ninfa, e por isso eu sempre tive minha cabeça no lugar, poi um dia eu era nada e no outro eu era tudo.
A primeira vez que eu fiz Swanilda eu fazia não só o primeiro papel, mas praticamente todos os papeis possíveis dentro do ballet Coppélia. Então eu nunca deixei isso virar minha cabeça. Sempre fui uma pessoa muito ambiciosa, porque eu queria muito estar presente e fazer tudo, mas, muito humilde porque eu trabalhava muito.
Era a primeira a chegar e a última a sair, vinha para o Theatro no sábado, domingo... Eu queria sempre muito atingir uma perfeição.. eu dividia papeis com Ana Botafogo, Cecília, então eu não podia estar abaixo, eu tinha que estar ali, não podia deixar a peteca cair.. Era Nora, era Cecília, era Ana, era Aurea Hammerli, eram muitas bailarinas com excelência.
Cada ballet tem sua peculiaridade e seu desafio, e assim como Copélia, La fille mal gardée também tem suas histórias: quando eu fiz Lise foi uma disputa de papel onde a gente era escolhida a cada dia; La Sylphide, que foram 15 dias incessantes com a Elizabeth Platel me ensaiando.. Eu fiz o que era o contraponto.. terra, ar; Lago dos Cisnes foi uma busca, Bertha Rosanova me ensaiando, então, foi um crescimento... cada movimento eu sabia o porquê e quando a música tocava eu já tinha feito o Corpo de Baile, a Valsa, o Pas de trois, os cisnes grandes... então tudo vinha com muita potência e propriedade. 
Por isso, cada ballet, para mim, tem seu encanto... Quebra Nozes eu acho que só não fiz ratinho e bombom, porque o resto eu fiz tudo!
Então todos me marcam e marcaram... foram experiências muito gratificantes.

Teresa ensaiando O Lago dos Cisnes
(foto do programa TMRJ 1997)

Teresa ensaiando Paquita
(foto do programa TMRJ 1997)
Teresa em Serenade com:
Paulo Rodrigues e Ana Botafogo
(foto do programa TMRJ 1997)


Tour: Como foi a transição bailarina-professora? Como se sente voltando a dar aula na Escola? 

Teresa: A transição foi tranquila, eu já sabia que não queria dançar muito tempo. Eu sempre soube, eu não queria passar dos 40. Eu já tinha na minha cabeça que eu queria ter meus filhos e queria viver esse momento também. Como comecei profissionalmente muito cedo, aos 16 anos, já tinha 22 anos dentro de Theatro e já tinha passado um ano fora do Brasil, no Ballet de Hamburgo, fui muito certa do que eu queria, eu não queria mais dançar, e isso era muito forte em mim. Claro, quando eu buscava na minha cabeça algo de bom eu pensava nas minhas professoras Amélia Moreira, Regina Bertelli, Edy Diegues, Consuelo Rios...... Essas pessoas me marcaram de um tal forma que eu me sentia na obrigação de fazer o mesmo por outras, de voltar a minha casa, de voltar para a EEDMO. Foi quando eu realmente vi que isso seria possível. Voltei e comecei a dar aula na Escola em 2006 ou 2007, e cada vez mais eu via que eu precisava me aprimorar muito mais, ter mais conhecimento, estudar, buscar como ensinar: como fazer, porque fazer e para que fazer. Eram as três perguntas que Dna. Eugenia Feodorova sempre falava para a gente: “Como faço, porque faço e para que faço?” Então isso me norteou, e eu fui buscando isso e fui me apaixonando pelo ensino da dança. Não abro mão do bom ensino, do bom movimento, não abro mão e não tolero a dança ser ensinada de forma leviana, e brigo muito, muito para que isso seja absorvido pelos alunos, para que eles levem essa forma correta de ensino para suas carreiras e vidas. 

E estou novamente na escola. Fiquei um ano, breve, fora, não sei bem o porquê, mas foi uma honra muito grande quando o coordenador e diretor da parte artística do Theatro me chamou de volta. Hoje já sou professora convidada da companhia Deborah Colker sou professora do Corpo de Baile do TMRJ e estou voltando para acrescentar mais alguma coisa, melhorar algo mais... tem um grupo muito bom, tanto de professores quanto alunos, chegando ai com comprometimento, isso é o mais importante. 

Tour: Um conselho para os alunos que sonham em seguir essa carreira. 

Teresa: Muito trabalho, persistência, muitas aulas, inteligência, querer todo dia cada vez mais, assistir vídeos, comprometimento com o que se faz, comprometimento consigo, com o seu físico.
É muito importante o aluno saber que cada dia ele pode fazer melhor... buscar conhecimento, buscar leitura, buscar um entendimento das coisas... assistir muito ballet... Estar íntegro no meio que ele abraçou!

Janaina Ciodario (formada em 2013) e
sua madrinha de formatura Teresa Augusta


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Depoimentos:



“Comecei a ter aulas com a professora Teresa no meu 2º ano médio na EEDMO. Eu já tinha ouvido falar do quão bom era o trabalho de aulas dela, verdadeiramente evolutiva na limpeza e virtuosidade da técnica clássica, e tive o privilégio de conhecer por mim mesma. A partir de então, virei uma grande fã e procurei saber mais sobre sua carreira, o que também me deixou admirada pelo seu sucesso como bailarina antes. Não fui aluna dela durante os demais anos, mas sempre que podia, entrava em alguma das suas aulas para fazer. Ela é um exemplo de disciplina dentro e fora de sala, tanto em relação ao respeito e humildade para com os colegas de classe e educadores, quanto em relação à forma como tratamos o nosso próprio corpo, ensinando sempre a buscarmos cada vez mais a manutenção e o aprimoramento da nossa técnica, não nos limitando à sala de aula. Estou realmente muito feliz em saber que ela voltou a pertencer ao quadro de professores da escola e espero que possa cada vez mais contribuir para a boa formação dos alunos em excelentes profissionais.”
– Shantala Cavalcanti, formada em 2015


“A primeira vez que assisti Teresa Augusta dançando foi em 1983 em um concurso promovido pelo CBDD. A jovem aluna da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa que dançava a Mazurka de Les Sylphides premiada em primeiro lugar não saiu da minha memória. Os anos se passaram e tive o prazer em assisti la dançando como profissional: La Sylphide, O Lago dos Cisnes entre muitos outros. Ao longo destes anos minha admiração só aumentou. Hoje a vejo como uma professora consciente, dedicada, estudiosa e competente. Ela integrando o corpo docente da EEDMO, considero um grande ganho para todos os alunos. É uma grande honra poder trabalhar com ela.”
-Paulo Melgaço, professor de História da Dança, Terminologia e Composição Coreográfica


“Conheci a professora Teresa quando estava no segundo ano médio da Escola de Dança. Lembro até hoje do primeiro dia de aula, quando ela se apresentou e nos ensinou como aquecer o corpo antes da aula. A professora Teresa me conquistou logo de cara. Com todo o seu bom humor, paciência, graça, suavidade (e um en dehors lindíssimo, diga-se de passagem) conseguia nos corrigir e ensinar sempre com muito carinho mas nunca perdendo a seriedade e a exigência. A professora Teresa foi, é, e sempre será uma pessoa extremamente importante na minha formação. Com ela aprendi coisas essenciais, que lembro todos os dias quando vou fazer aula de Ballet. É sem dúvida um exemplo de pessoa e bailarina a ser seguido... uma verdadeira inspiração pra mim.”
- Paula Caldas, aluna do 1° técnico

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Giulia Rossi - 2° Técnico

domingo, 10 de abril de 2016

EEDMO amplia seu quadro de professores

Mônica Barbosa

Inspiração, estímulo, descoberta, movimento, experimentação, improvisação e liberdade.



Nós do tour em l’air temos o prazer de anunciar nossa nova professora de Dança Contemporânea Mônica Barbosa. Antes de integrar o CORPO DE BAILE DO THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO, Mônica se formou na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa.

Hoje, ela volta e partilha um pouco com nossas alunas e alunos dos níveis técnicos a experiência e carga de uma carreira já consolidada. Seu retorno deixa-nos muito felizes e orgulhosos. A chegada de uma linguagem diferente do ballet clássico, como a dança contemporânea, através de quem “já é de casa” é, não apenas enriquecedor, mas um impulso inspirador para que nossos alunos e alunas acreditem no trabalho, na Escola e possam enxergar outras possibilidades no meio da dança. Estimular esse ciclo de retorno, onde os ex-alunos, após construírem uma carreira profissional, voltam às origens ( EEDMO) para agregar novos conhecimentos é muito importante para nosso crescimento, não apenas técnico e artístico mas profissional.


Mônica Barbosa Amigas de Swanilda - Coppelia Versão de Dalal Achcar no Theatro Municipal do RJ.



Monica Barbosa começou seus estudos com Jonnhy Franklin, Tatiana Leskova e Eugenia Feodorova. Estudou no Joffrey Ballet School, David Howard Dance Center e se formou pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa (EEDMO) e pelo método da Royal Academy of Dance. É graduada, também, em Licenciatura em Dança pela UniverCidade.

Aos 19 anos de idade, ingressou no Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde permanece até os dias atuais. Dançou todos os ballets de repertório junto a cia, incluindo obras contemporâneas e modernas.



Na frente Mônica Barbosa - A Criação , com coreografia de Uwe Scholz no TMRJ.



Trabalhou com grandes nomes da dança como Jean Yves-Lormeau, Elisabeth Platel , Márcia Haydée , Dalal Achcar , Peter Wright, Pierre Lacote, Vladimir Vasiliev, Natalia Makarova , Charles Jude , Angelin Prejlocaj, Rodrigo Pederneiras, David Parsons, Deborah Colker, Renato Vieira, Roland Petit, Roseli Rodrigues, Millicent Hodson, Patricia Nery, Yelena Pankova, dentre outros.



Mônica Barbosa como solista no Ballet A Bela Adormecida - Remontagem para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. 


Faz parte do Grupo de Dança DC, formado por elementos do CB, criada/dirigida pelo colega João Wlamir, onde já dançou coreografias de Rodrigo Moreira, João Wlamir, Paulo Argueles, Rodrigo Negri, e agora suas próprias coreografias.



Algumas integrantes do Grupo DC, Laura Prochet, Mônica Barbosa, Bettina Dalcanale e Karen Mesquita.



“ Viva intensamente, não deixe de viver. Aproveite cada momento e cada oportunidade, faça seu trabalho com amor, foco e muita disciplina. Só assim se chegaremos onde queremos, sejam curiosos, queiram aprender, será uma honra voltar à EEDMO como professora, amo estar no ambiente jovem, onde posso passar toda minha experiência para eles, e dar aula aqui na escola onde fui aluna, é o meu modo de agradecer todo o conhecimento que aprendi.”
 Diz MÔNICA BARBOSA com toda sua humildade e amor. 



Nós do Tour En L’air, desejamos um ótimo ano como professora de Dança Contemporânea na EEDMO, e que seu retorno a casa onde cresceu e se formou, seja repleto trabalho e amor! 



Felipe Viana – 1º Técnico.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

EEDMO amplia seu quadro de professores

Karina Dias



Karina Dias nascida no Rio de Janeiro começou seus estudos na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa (escola oficial do TMRJ), formando-se no ano de 1996, quando já estagiava em espetáculos do Theatro Municipal. Ingressou no Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1997 através de concurso público. Estreando e sendo nomeada solista no ano de 1998.
Foi acolhida pelo público e pela crítica como uma das revelações do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Destacando-se também em trabalhos como Primeira Bailarina em diversas temporadas do CBTMRJ: Seranade; La Sylphide; A Bela Adormecida; Giselle; Coppélia; O Quebra-Nozes, Floresta Amazônica; A Megera Domada, O Lago dos Cisnes; Les Sylphides; Onegin; La Fille Mal Gardée; Raymonda; A Criação; La Bayadère; Suíte en Blanc; entre outros.


Karina como Swanilda no Ballet Coppélia

Dançou em diversos festivais nacionais e internacionais como convidada.
Trabalhou com renomados profissionais da dança internacional como:
Nanon Thibon, Dora Lipka, George Garcia, Tatiana Leskova, Márcia Haydée, Pierre Lacotte, Elisabeth Platel, Leonard Meek, Wally Wolfgruber, Uwe Scholz, Oscar Arraiz, Mario Galizzi, Eugenia Feodorova, Alphonse Poulin, Piotr Nardelli, Jaroslav Slavicky, Katerine Slavicka, Claude Bessy, Carlos Trunsky, Peter Wright, Desmond Kelly, Boris Strojkov, Slawa Muchamedov, Richard Cragun, Tindaro Silvano, Dalal Achcar, Natalia Makarova, Olga Evereinoff, Miriam Pederneiros, Alfredo Garcia, Vladimir Vasiliev, Eric Valdo, Consuelo Rios, Dennis Gray, entre outros.


Karina como solista de Dança Napolitana no Ballaet
O Lago dos Cisnes

Atualmente além de manter seu posto de Primeira Solista do Ballet do Theatro Municipal do RJ, é convidada a retomar a sua escola, onde teve toda a sua formação para bailarina profissional, a lecionar na EEDMO esse ano para a turma de rapazes dos níveis básicos que não poderiam estar mais felizes com essa chance de aprender com essa grande artista. Atuou como Coordenadora e Maître de Ballet Clássico da École de Danse Rio.

Karina Dias como Fada Açucarada e 
Cícero Gomes como Príncipe no Ballet
O Quebra Nozes

A Equipe do Tour em L’air teve a oportunidade de fazer algumas perguntas a Karina e o resultado vem a seguir:

Tour: Como foi sua preparação para começar a dar aulas na Escola?

Karina: Já leciono há dez anos. Mas, na verdade, a preparação vem da vivência na dança. Tudo o que vivi na Escola, no Theatro Municipal e em aulas fora me trouxeram até aqui. Todas as experiências.

Tour: Qual foi sua motivação para não desistir nunca?

Karina: O ballet esteve sempre dentro de mim, sempre quis isso. Por não ter dado uma pausa, após ter se formado na Escola logo ter passado para o Corpo de Baile não tive aquele desânimo. Sempre galguei e consegui que fosse bem contínuo. Ver as bailarinas sempre foi uma inspiração. O sonho de ser bailarina venceu as dificuldades.

Tour: Qual mensagem você pode deixar para os alunos da EEDMO que num futuro próximo começarão uma carreira?

Karina: A profissão é realmente difícil e árdua. Porém se isso que você realmente quer você tem que insistir e persistir. A palavra é essa: persistir!

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Nós, do Tour em L’air, desejamos um ótimo ano como professora na EEDMO e que seu retorno a casa onde cresceu e se formou, seja brilhante! 

Tabata Salles - 1° Técnico

terça-feira, 5 de abril de 2016

EEDMO amplia seu quadro de professores




Dentre o grupo de novos professores, hoje destacamos: a professora Sabrina Germann ( bailarina do Corpo de Baile do TMRJ ) formada em dança e fisioterapia. Ela começou a fazer ballet aos 6 anos com a Tatiana Leskova e aos 7 anos foi para o ballet DalalAchcar. Em 1981, aos 15 anos de idade,prestou o concurso público para o Corpo de Baile do TMRJ e foi aprovada por uma banca composta por professores de renome internacional. A professora que permanece no TMRJ há 32 anos, já dançou diversos ballets como: O Quebra Nozes, Romeu e Julieta, O Lago dos Cisnes, Coppélia, La Bayadére, entre outros. Neste ano de 2016, passou a integrar o corpo docente da EEDMO lecionando para a turma do Preliminar. "Estou me sentindo realizada porque eu adoro dar aula para crianças, eu acho muito criativo, também acho muito enriquecedor está em contato com vocês da escola de danças, é uma fase nova"- diz Sabrina.







Seja bem vinda, estamos muito felizes pela sua presença na EEDMO!
É muito gratificante ter uma bailarina do Corpo de Baile do Teatro Municipal atuando como professora na EEDMO e compartilhando os seus conhecimentos e seu amor pela dança!


Maria Fernanda - 2° Técnico