Teresa Augusta
Mergulhando de cabeça no Ballet
______________________________________________________________________
Entrevista:
Tour: Como foi sua trajetória como aluna até a sua formação como bailarina profissional? Quais foram as principais dificuldades durante esse processo?
Teresa: Eu comecei aqui na Escola de Dança aos oito anos, na turma de preliminar, com Regina Bertelli e Amélia Moreira. Foram anos difíceis porque nós não tínhamos o Theatro... Fazíamos aula lá na Rua da Passagem, próximo do Canecão. Então não tinhamos ideia do que era Theatro Municipal, nem Ballet... pouco víamos meninas mais velhas fazendo alguma coisa. Então fazíamos por amor...De modo um tanto intuitivo.
Depois viemos para o prédio da Lapa e tivemos aulas com professores que sempre tinham muita dedicação, ex-bailarinos do Theatro Municipal que, além de nos dar a eficiência da técnica e conteúdo programático, nos contavam histórias e nos apresentavam os ballets que mais tarde eu viria a dançar... isso foi muito instigante para mim. Logo depois, em 81, quando Dalal Achcar assumiu a direção, começamos a ver ballets propriamente ditos: Romeu e Julieta, Dom Quixote, Copélia, Quebra Nozes... e aí eu me encantei. Já estava no terceiro médio. Quando fui para o nível técnico tive professores realmente exigentes, e que eu via uma melhora na minha dança, nada era fácil. Era uma exigência absurda, e foi muito importante a presença desses professores numa escola pobre, porque nós não tínhamos muita estrutura (como sempre a verba nunca existe para a Escola de Danças e para a cultura em si), mas tínhamos pessoas empenhadas, pessoas muito boas, todas ex-bailarinas do Theatro, com uma paixão muito grande pelo o que faziam e isso foi muito importante para o que eu faço e para o que eu sou hoje.
Teresa: Eu comecei aqui na Escola de Dança aos oito anos, na turma de preliminar, com Regina Bertelli e Amélia Moreira. Foram anos difíceis porque nós não tínhamos o Theatro... Fazíamos aula lá na Rua da Passagem, próximo do Canecão. Então não tinhamos ideia do que era Theatro Municipal, nem Ballet... pouco víamos meninas mais velhas fazendo alguma coisa. Então fazíamos por amor...De modo um tanto intuitivo.
Depois viemos para o prédio da Lapa e tivemos aulas com professores que sempre tinham muita dedicação, ex-bailarinos do Theatro Municipal que, além de nos dar a eficiência da técnica e conteúdo programático, nos contavam histórias e nos apresentavam os ballets que mais tarde eu viria a dançar... isso foi muito instigante para mim. Logo depois, em 81, quando Dalal Achcar assumiu a direção, começamos a ver ballets propriamente ditos: Romeu e Julieta, Dom Quixote, Copélia, Quebra Nozes... e aí eu me encantei. Já estava no terceiro médio. Quando fui para o nível técnico tive professores realmente exigentes, e que eu via uma melhora na minha dança, nada era fácil. Era uma exigência absurda, e foi muito importante a presença desses professores numa escola pobre, porque nós não tínhamos muita estrutura (como sempre a verba nunca existe para a Escola de Danças e para a cultura em si), mas tínhamos pessoas empenhadas, pessoas muito boas, todas ex-bailarinas do Theatro, com uma paixão muito grande pelo o que faziam e isso foi muito importante para o que eu faço e para o que eu sou hoje.
Teresa Augusta e seu mestre já no TMRJ Eric Valdo
Tour: Como se deu o seu ingresso no Corpo de Baile do TMRJ? Como foi o processo de ascensão até dançar primeiros papéis?
Teresa: Ingressei no Corpo de Baile sem nem terminar o terceiro ano técnico. Tive essa oportunidade de fazer a prova quando acabei o segundo ano técnico e passei. Foi uma vitória muito grande, eu tinha 16/17 anos e ingressar em um Corpo de Baile extremamente profissional, que já vinha dançando ballets de repertório com a diretora Dalal Achcar foi realmente uma conquista valiosa para mim.
A ascensão foi muito lenta e muito sofrida, porque tínhamos muitas bailarinas, primeiras estrelíssimas, solistas maravilhosas...então foi muito devagar. Eu dancei muito no Corpo de Baile, fiz muitos solos, demie-solos, realmente eu vivi muito a minha profissão até chegar a dançar como primeira bailarina.. um tutu costurado só pra mim... Levaram anos... Anos! Mas eu nunca deixei de estar em cena.. isso me deu bagagem muito rica, uma riqueza de conhecimentos, que me facilitam na hora de compor, de ensaiar os bailarinos, de saber o que precisa ser dito, feito e como deve ser feito. Isso se deve ao fato deu ter feito muitos papeis e não apenas os primeiros papeis, pois em um único ballet era possível eu estar fazendo de tudo: Corpo de Baile, solo, demie-solo e o primeiro papel. Isso me trouxe muita experiência.
Tour: Quais Ballets marcaram sua carreira? Por que cada um marcou?
Teresa: Eu acho que todos. Todos foram importantes. O engraçado da minha trajetória no Theatro, é que comecei interpretando uma planta, e no dia seguinte eu fazia ninfa, e por isso eu sempre tive minha cabeça no lugar, poi um dia eu era nada e no outro eu era tudo.
A primeira vez que eu fiz Swanilda eu fazia não só o primeiro papel, mas praticamente todos os papeis possíveis dentro do ballet Coppélia. Então eu nunca deixei isso virar minha cabeça. Sempre fui uma pessoa muito ambiciosa, porque eu queria muito estar presente e fazer tudo, mas, muito humilde porque eu trabalhava muito.
Era a primeira a chegar e a última a sair, vinha para o Theatro no sábado, domingo... Eu queria sempre muito atingir uma perfeição.. eu dividia papeis com Ana Botafogo, Cecília, então eu não podia estar abaixo, eu tinha que estar ali, não podia deixar a peteca cair.. Era Nora, era Cecília, era Ana, era Aurea Hammerli, eram muitas bailarinas com excelência.
Cada ballet tem sua peculiaridade e seu desafio, e assim como Copélia, La fille mal gardée também tem suas histórias: quando eu fiz Lise foi uma disputa de papel onde a gente era escolhida a cada dia; La Sylphide, que foram 15 dias incessantes com a Elizabeth Platel me ensaiando.. Eu fiz o que era o contraponto.. terra, ar; Lago dos Cisnes foi uma busca, Bertha Rosanova me ensaiando, então, foi um crescimento... cada movimento eu sabia o porquê e quando a música tocava eu já tinha feito o Corpo de Baile, a Valsa, o Pas de trois, os cisnes grandes... então tudo vinha com muita potência e propriedade.
Por isso, cada ballet, para mim, tem seu encanto... Quebra Nozes eu acho que só não fiz ratinho e bombom, porque o resto eu fiz tudo!
Então todos me marcam e marcaram... foram experiências muito gratificantes.
“Comecei a ter aulas com a professora Teresa no meu 2º ano médio na EEDMO. Eu já tinha ouvido falar do quão bom era o trabalho de aulas dela, verdadeiramente evolutiva na limpeza e virtuosidade da técnica clássica, e tive o privilégio de conhecer por mim mesma. A partir de então, virei uma grande fã e procurei saber mais sobre sua carreira, o que também me deixou admirada pelo seu sucesso como bailarina antes. Não fui aluna dela durante os demais anos, mas sempre que podia, entrava em alguma das suas aulas para fazer. Ela é um exemplo de disciplina dentro e fora de sala, tanto em relação ao respeito e humildade para com os colegas de classe e educadores, quanto em relação à forma como tratamos o nosso próprio corpo, ensinando sempre a buscarmos cada vez mais a manutenção e o aprimoramento da nossa técnica, não nos limitando à sala de aula. Estou realmente muito feliz em saber que ela voltou a pertencer ao quadro de professores da escola e espero que possa cada vez mais contribuir para a boa formação dos alunos em excelentes profissionais.”
– Shantala Cavalcanti, formada em 2015
Teresa ensaiando O Lago dos Cisnes (foto do programa TMRJ 1997) |
Teresa ensaiando Paquita (foto do programa TMRJ 1997) |
Janaina Ciodario (formada em 2013) e
sua madrinha de formatura Teresa Augusta
sua madrinha de formatura Teresa Augusta
______________________________________________________________________
Depoimentos:
“Comecei a ter aulas com a professora Teresa no meu 2º ano médio na EEDMO. Eu já tinha ouvido falar do quão bom era o trabalho de aulas dela, verdadeiramente evolutiva na limpeza e virtuosidade da técnica clássica, e tive o privilégio de conhecer por mim mesma. A partir de então, virei uma grande fã e procurei saber mais sobre sua carreira, o que também me deixou admirada pelo seu sucesso como bailarina antes. Não fui aluna dela durante os demais anos, mas sempre que podia, entrava em alguma das suas aulas para fazer. Ela é um exemplo de disciplina dentro e fora de sala, tanto em relação ao respeito e humildade para com os colegas de classe e educadores, quanto em relação à forma como tratamos o nosso próprio corpo, ensinando sempre a buscarmos cada vez mais a manutenção e o aprimoramento da nossa técnica, não nos limitando à sala de aula. Estou realmente muito feliz em saber que ela voltou a pertencer ao quadro de professores da escola e espero que possa cada vez mais contribuir para a boa formação dos alunos em excelentes profissionais.”
– Shantala Cavalcanti, formada em 2015
“A primeira vez que assisti Teresa Augusta dançando foi em 1983 em um concurso promovido pelo CBDD. A jovem aluna da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa que dançava a Mazurka de Les Sylphides premiada em primeiro lugar não saiu da minha memória. Os anos se passaram e tive o prazer em assisti la dançando como profissional: La Sylphide, O Lago dos Cisnes entre muitos outros. Ao longo destes anos minha admiração só aumentou. Hoje a vejo como uma professora consciente, dedicada, estudiosa e competente. Ela integrando o corpo docente da EEDMO, considero um grande ganho para todos os alunos. É uma grande honra poder trabalhar com ela.”
-Paulo Melgaço, professor de História da Dança, Terminologia e Composição Coreográfica
-Paulo Melgaço, professor de História da Dança, Terminologia e Composição Coreográfica
“Conheci a professora Teresa quando estava no segundo ano médio da Escola de Dança. Lembro até hoje do primeiro dia de aula, quando ela se apresentou e nos ensinou como aquecer o corpo antes da aula. A professora Teresa me conquistou logo de cara. Com todo o seu bom humor, paciência, graça, suavidade (e um en dehors lindíssimo, diga-se de passagem) conseguia nos corrigir e ensinar sempre com muito carinho mas nunca perdendo a seriedade e a exigência. A professora Teresa foi, é, e sempre será uma pessoa extremamente importante na minha formação. Com ela aprendi coisas essenciais, que lembro todos os dias quando vou fazer aula de Ballet. É sem dúvida um exemplo de pessoa e bailarina a ser seguido... uma verdadeira inspiração pra mim.”
- Paula Caldas, aluna do 1° técnico
- Paula Caldas, aluna do 1° técnico
____________________________
Giulia Rossi - 2° Técnico
Nenhum comentário:
Postar um comentário