domingo, 17 de abril de 2016

Conversando com Cícero Gomes: artista de corpo, coração e alma.

Conversando com Cícero Gomes: artista de corpo, coração e alma.


Cícero Gomes - Primeiro Solista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.



Ainda estamos todos em êxtase pós tão inspiradora palestra. Plateia plural, porém unida por um sentimento comum: a admiração a Cícero Gomes. Notório em todos os olhares, dos básicos aos técnicos, dos professores aos responsáveis, o brilho de admiração a esse bailarino, artista e tão inspirador ser humano que ao longo de todo bate-papo partilhou com todos, suas experiências de vida e arte. O ar descontraído mostrou-nos que não se tratava apenas de uma palestra, mas de um bate papo entre amigos, alguém que queria aprender e alguém que se doava pra ensinar. Ao longo do bate-papo, Cícero demonstrou de maneira singular que um artista-bailarino não se forma apenas na barra, na sala de aula e somente de tendus e pliés. Mostrou - nos o quão transcendente é esta arte. Explicitou o quanto sua personalidade se assemelha a de tantos personagens que já interpretou: Bobo da corte, arrancando tantas gargalhadas e nos dizendo tantas verdades; Basílio, enérgico e de tão grandiosa humildade; Solor, marcante e intenso. Sua personalidade cativante encantou a todos e toda sua bagagem profissional com certeza agregou enriquecedor conhecimento a todos nós alunos.



Conversando com: Cícero Gomes.


Um pouco sobre a vida e carreira de Cícero Gomes...



Nascido em Macaé, no interior do Rio de Janeiro, Cícero se interessou por ballet após assistir um espetáculo na TV, ainda criança. Quis saber o que era aquilo e a mãe, de quem ele se refere sempre com muito carinho e amor, respondeu que era ballet. Pediu então que o levasse para ter aulas de ballet junto com sua amiga num salão paroquial e assim foi. De início, houve um estranhamento, fazendo Cícero deixar as aulas. Mas logo percebeu que gostava muito e quis voltar. Durante as aulas, perceberam nele um grande potencial e talento e recomendaram que entrasse numa academia. Lá, passava o dia inteiro aprendendo vários tipos de dança.

Sua técnica e gosto pela arte foram crescendo, foi ganhando espaço e reconhecimento até que, aos 13 anos, ganhou uma bolsa para estudar na Escola de Ballet da Ópera de Viena (Áustria). Lá permaneceu durante um tempo, mas como era muito jovem e, apesar da bolsa integral na Escola, o custo de vida lá era exacerbado, voltou para o Brasil. Aqui deu continuidade a seus estudos e carreira, até que, durante o I Festival De Dança de Rio das Ostras, Wanda Garcia, Tia Wandinha, recomendou que fizesse prova para a EEDMO. Sua mãe deu apoio e o mandou rapidamente para morar com a tia no Rio de Janeiro. Cícero se preparou para a prova durante as férias e entrou na Escola. Contou-nos de uma maneira divertida e descontraída sobre suas primeiras aulas: começou o primeiro dia no 2º Básico, terminou no 2º Médio e no dia seguinte estava no 1º Técnico. Pelo seu alto empenho durante as aulas, o professorem enxergaram nele grande possibilidade e talento e, em apenas dois dias o adiantaram para quatro turmas acima.


Cícero conversando abertamente com o público e alunos da EEDMO.


Após seu o ingresso na Escola, Cícero passou a fazer parte da Cia Jovem de Ballet. Com a Cia Jovem, dançou muito, viajou muito e conheceu grandes personalidades do mundo da dança. Quando se formou na EEDMO, a diretora Maria Luisa Noronha conseguiu uma bolsa para ele na Elmhurst School for Dance by Birmingham Royal Ballet (Inglaterra). Um mês depois que Cícero partira, já estava voltando. Percebeu que seu lugar era aqui no Brasil e queria construir sua carreira aqui.

Quando o viu dançar, a então presidente da Fundação Theatro Municipal, Carla Camurati, achou que Cícero deveria entrar para a Companhia do BTM. Cícero entrou para o BTM e, com muito esforço e dedicação, fez carreira, foi efetivado e cresceu enormemente na Companhia, até ser nomeado Primeiro Solista, cargo que mantém até os dias atuais. Cícero passou muitas dificuldades. Fossem financeiras ou afetivas com o pai, nunca se deixou abalar e enfrentou todas de cabeça erguida. Detentor de um vasto repertório e tendo interpretado uma série de importantes papeis, não gosta de assistir vídeos de outros bailarinos. Extremamente autêntico Cícero constrói seus personagens através de pesquisas, leituras, seus sentimentos e emoções pessoais e, muito importante, com a música. “Ouço a música o máximo de vezes possível, ela fala, diz exatamente o que devo fazer.” Contou-nos.




Cícero e os formandos 2016.

Paulo Melgaço, Elizabeth Oliosi, Cícero Gomes, Cristiana Campello e Helio Bejani.


Sem sombra de dúvidas que cada um dos presentes saiu ainda mais apaixonado por essa arte e por esse artista, e impulsionados pelo combustível proveniente dos conselhos e belas palavras ditas por ele (e esperançosos de em breve poder ver seu desejo de ser professor na Escola de Dança se concretizando). Definido por todos como "maravilhoso", "inspirador" e "indescritível", esse realmente foi um Conversando Com que ficará gravado em nossas mentes e corações.


Cícero Gomes - Artista de Corpo, Coração e Alma.


"Eu só tenho a agradecer... Respeitado, acarinhado, abraçado... Foi assim que me senti. Obrigado."
Cícero Gomes quinta-feira 14/4 sobre palestra na Sala Mário Tavares  para os alunos da EEDMO.



Clara Judith e Paula Caldas - 1º Técnico

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