Nossos Mestres
“Uma vez primeiro
bailarino, sempre primeiro bailarino”
Paulo Rodrigues ex- Primeiro bailarino do
Theatro Municipal, hoje leciona em nossa EEDMO (Escola Estadual de Dança Maria
Olenewa), as disciplinas técnica Masculina e técnica de Pas de Deux, para
alunos de 1º á 3º Técnico. Em suas palavras: “Adoro trabalhar na EEDMO,
bailarinos com nível técnico muito bom, com certeza a maioria serão grandes
artista”.
Paulo Rodrigues |
Tour: - Quando e como
iniciou no ballet?
PR.: Conheci a dança, com 18 anos, na faculdade de Educação Física. Tive uma
infância muito dura. Sou de família humilde e, através da ajuda dos meus pais,
cheguei a formar-me no SENAI como torneiro mecânico e trabalhei um bom tempo
nesta profissão. Em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, fui convidado
para participar do grupo de dança da faculdade, iniciando assim minha
trajetória na dança.
Tour: - Quando começou a fazer a dança sua profissão?
PR.:
Através de Edson Claro, professor e coordenador da faculdade e posterior diretor
do Grupo de Dança Casa Forte, fui convocado para fazer parte do meio da dança.
Comecei fazendo aulas de ballet clássico com Jane Blauth e Ismael Guiser. Em
1980 ganhei um premio de bailarino revelação, pela Associação Paulista de
Críticos de Arte. No ano seguinte, 1981, foi convidado para fazer parte do Balé
da Cidade de São Paulo e, em 1983 fui contratado como solista do Ballet
Nacional Chileno, onde fiz aulas com Julio Bocca. Dessa forma comecei esta
profissão maravilhosa que me dedico até hoje.
Tour: - O que o motivou a se tornar
bailarino?
PR.:
Acho que, o que me levou a ser bailarino foi minha vontade própria de dançar;
gostava da adrenalina de proporcionar alegria e grandes emoções às pessoas, e
esses sentimentos cresciam a cada momento, e sempre procurava aprimorar mais,
meus conhecimentos morais, artísticos e intelectuais. Essa determinação e
segurança que fez eu me tornar bailarino.
Tour: - Fale um pouco sua trajetória
artística:
PR.:
Creio que fui abençoado em minha trajetória. Nunca precisei fazer audição para
nenhuma companhia sempre recebi convites para fazer partes delas. Dancei para o
Balé da Cidade de São Paulo, o Ballet Nacional do Chile, o Ballet do Theatro
Municipal do Rio de Janeiro (nossa casa) dirigido na época por Dalal Achcar,
através do Sr. Armando Mata, Assessor Especial da Associação dos Amigos do
Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Já viajei muito por vários países, sempre
como bailarino convidado, praticamente dancei todos os ballets de repertório
clássico, como por exemplo, no Festival Internacional de Ballet de Havana, em
Cuba; III Conferência Interamericana de Especialistas em Ballet, em Caracas,
Venezuela; Gala Beneficente “As Estrelas Mundiais do Ballet”, em Santiago,
Chile; Espetáculo comemorativo aos 500 anos de Descobrimento da América, em
Madri, Espanha, a convite de Alicia Alonso; Versão completa de “O Lago dos
Cisnes” e “Giselle” junto ao Ballet Nacional de Caracas, Venezuela; entre
outros eventos e participações.
Tour: - Como você percebe o Ballet hoje?
PR.:
Os grandes ballets de repertório nunca mudam; o que muda são os bailarinos, a
forma de dançar e a rapidez com que querem se tornar profissionais. A
tecnologia é fundamental progresso em qualquer área, mas, muitas vezes, no
ballet, atrapalha a formação de um bom profissional, que tenta aprender pelo
vídeo sem orientação. Infelizmente acontece muito nos dias de hoje.
Tour: -O que você acha que é essencial em um
bailarino hoje?
PR.:
Para ser um bom bailarino tem que ter disciplina, assiduidade e comprometimento
com o que faz, na verdade, não somente bailarinos mas seres humanos em geral.
Hoje em dia vejo, que as pessoas apresentam uma dificuldade muito grande principalmente
na área disciplinar. Porém, sem disciplina não conquistamos nada, temos que ser
metódicos, disciplinados, estudar muito sempre, ouvir o que nossos mestres nos
falam, possuir concentração e foco, para podermos passar do mental para o
físico. Penso que a disciplina é
fundamental.
Tour: - Quais os problemas que você acha
que os bailarinos enfrentam hoje em dia?
PR.: Temos
uma grande quantidade de bailarinos nos dias atuais, totalmente diferente da
minha época em que um bailarino raramente era encontrado. Hoje temos muitos
rapazes dançando e acho muito bom, mas a problema é a falta de campo de trabalho.
Hoje temos hoje poucas “ Companhias de grande porte”. Assim, os bailarinos que
se formam acabam mudando e se especializando em outras profissões. Acho que
falta investimentos em prol da dança.Paulo Rodrigues e nossa primeira bailarina Ana Botafogo ( O Quebra Nozes - Theatro Municipal) |
“Trabalhar
com grandes pessoas e grandes artistas, me faz e fez enobrecido e realizado”.
Felipe Viana
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