sábado, 27 de setembro de 2014

Luz, câmera, ação! Corpo na Cidade

Na próxima terça-feira (30) será exibido no Teatro B o filme Corpo da Cidade, e você é nosso convidado!

Filme curta-metragem em que uma bailarina se lança na cidade em plena transformação urbana.

Direção: Thiago Saldanha

Bailarina: Liana Vasconcelos

Após a exibição haverá um bate-papo com a plateia.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Ceme Jambay e a Dinâmica Muscular


“Jogue-se pra esquerda, jogue-se pra direita” “Solte-se, espreguice”

Com sua voz calma e grave, Ceme Jambay, que completou 80 anos em julho, ainda ministra aulas de Dinâmica Muscular, método criado pelo próprio e registrado em 03 de março de 2004, na Biblioteca Nacional (registro nº 312.833 livro 570 folha 493).

Ceme começou a apreciar a dança motivado por filmes antigos que assistia na adolescência, em Curitiba. Entrou no ramo quando se inscreveu em um programa de operetas, que precisava de bailarinos homens. Iniciou seus estudos de Ballet sob a direção técnica da professora Nina Brumziene e do professor Tadeu Morozowidz. Incentivado pelos professores veio para o Rio de Janeiro e ingressou na Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal, onde se formou no ano de 1958. Foi fundador e diretor do Corpo de Baile do T
eatro Guaíra, em Curitiba.

Observador, Ceme começou a questionar a rigidez do trabalho físico no Ballet e sua eficácia. Iniciou, então, uma pesquisa de trabalho muscular que atendesse às necessidades do corpo, trabalhando força e flexibilidade, sem afetar a saúde física dos bailarinos. A partir do estudo do movimento e anatomia, Ceme desenvolveu um novo método para auxiliar o bailarino: a Dinâmica Muscular.

A aula, com base no balé clássico, é constituída de exercícios fluentes, no chão, que trabalham as articulações, principalmente dos pés e quadril, isometria, flexibilidade, respiração, consciência corporal e rotação interna e externa das coxas. O método foi criado nos anos 90 como uma pré aula para bailarinos e busca gastar o mínimo de energia com o máximo de eficácia. Hoje,por se revelar extremamente benéfica para a saúde do corpo e mente, a Dinâmica Muscular é praticada até por quem não é bailarino pois, embora possua base no clássico, não requer nenhum conhecimento prévio.



Ceme Jambay continua ministrando suas aulas de Dinâmica Muscular e aperfeiçoando-as a cada dia para atender às necessidades de seus alunos. Ceme é um pesquisador do movimento. Suas alunas, hoje professoras, aplicam o método da Dinâmica Muscular em suas aulas. dando continuidade ao trabalho do Mestre

Giulia Rossi.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A dança se despede de Aldo Lotufo

 Na madrugada desta quarta-feira (17) faleceu Aldo Lotufo, aos 89 anos. Aldo foi primeiro bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro durante 30 anos, estava internado havia aproximadamente um mês devido a forte pneumonia. Aldo foi um grande nome do TMRJ, foi o primeiro bailarino a dançar a versão completa dos ballets "O Lago dos Cisnes" e "Giselle" no Brasil. Ao Lado de primeira-bailarina absoluta Bertha Rosanova, formou um casal de peso para o ballet brasileiro.

O Tour En L'Air se sensibiliza com a perda de mais um grande nome da dança brasileira, nome este que tanto nos brindou com sua arte. À Aldo nossa homenagem.
Ao lado da partner Bertha Rosanova em O Lago dos Cisnes.

Entre alunos da EEDMO na comemoração dos 85 anos da escola.

Encontro com Regina Sauer


 Por ocasião dos 10 anos do Tour em L´air, mais um grande encontro foi promovido. Dessa vez, a convidada foi a bailarina, coreógrafa e diretora da Cia Nós da Dança, Regina Sauer. Ela falou sobre sua carreira, sobre as possibilidades do mundo da dança, sobre sua companhia, sobre processo de criação e sobre a importância do estudo para o bailarino. Com certeza inspirou ainda mais os alunos nesta carreira, que todos sabemos, se constrói arduamente e em meio a muitos obstáculos.

Apesar de seu primeiro contato com a dança ter sido cedo, através do jazz, sua experiência com o ballet pode ser considerada tardia. Somente aos dezoito anos, quando percebeu que queria seguir essa carreira, iniciou seus estudos na dança clássica, tendo sido aluna de grandes nomes como Eugenia Feodorova. Após sua profissionalização, aos 18 anos, fez vários trabalhos em comerciais, convenções e na televisão, como na novela “Baila Comigo”. Em 1982, cria com suas amigas a Cia Nós da Dança, que em 2014 completa 33 anos de existência, se tornando uma das poucas companhias independentes que sobrevive por tanto tempo sem cessar suas atividades. Em 1978 foi a primeira vez a Nova Iorque para estudar, tendo retornado a cidade em 1979 e em 1982. Essa viagem, afirma nossa convidada, foi fundamental para seu contato com a dança moderna, a qual irá trazer para o Brasil e injetar em sua companhia. Em Nova Iorque fez aula na Alvin Ailey American Dance Center, Martha Graham School e Steps on Broadway.

Em 1989, Regina funda com seu marido, Fernando Fileto, o Centro de Artes Nós Dança que está na ativa até hoje e funciona em Copacabana. Nele, Regina também assume um papel que sempre lhe deu prazer e do qual afirma: nunca se cansou, o de professora. A partir de 1999, ela também passa a atuar no carnaval carioca, coreografando comissões de frente, entre elas, Salgueiro, Imperatriz Leopoldinense e Porto da Pedra.



Cia Nós da Dança no espetáculo Bossa Nova, 2009.

No decorrer da palestra, Regina Sauer afirmou que uma das coisas mais importantes para o bailarino é a versatilidade. O corpo deve ser capaz de entender qualquer linguagem e os caminhos se abrem para o profissional que amplia sua bagagem. Por esse motivo, seu centro de dança trabalha prezando todas as modalidades (jazz, ballet, moderno etc), acreditando que cada uma completa a outra.

O estudo foi outra questão bem demarcada pela convidada, não somente o estudo de outras técnicas, como por exemplo a dança popular, mas também de matérias como história da dança. Segundo ela: “Esse é o momento de “engolir” informação, esse alimento é muito importante para o futuro”. É necessário, igualmente, desmistificar a ideia de que bailarino só sabe trabalhar com o corpo.

Regina ao lado da professora Beth Oliosi e das formandas.
Ao final desse grande encontro, Regina Sauer deixou palavras de incentivo para os alunos da Escola, nos fazendo perceber que a dança abre um leque de possibilidades: “...pensem que o caminho pode se ser desdobrado em outras coisas”. Também deixou bem claro que a dança é uma religião, que exige uma entrega ímpar. Para alcançar algum resultado o bailarino deve estar inteiro e ancorado no que está fazendo. Após a palestra, fica evidente que conhecer sobre essa personalidade é fundamental para entender e adentrar, de fato, no universo da dança no Brasil, pois seu trabalho se tornou essencial não só para sua companhia, como também para todos nós da dança.
Da esquerda: Teresa Augusta, Regina Sauer, Beth Oliosi, Paulo Melgaço e Hélio Bejani.
Maria Luiza Patury