domingo, 28 de junho de 2015

Aos Professores com carinho...


Aos Professores com carinho...


Paula Albuquerque

Paula Albuquerque

Paula iniciou seus estudos de dança clássica em Brasília, na Academia de Danças clássicas Norma Lílian. Em 1982, quando chega ao Rio de Janeiro entra na Academia de Johnny Franklin, onde trabalha com Cláudia Araújo dançando ballets de coreógrafos importantes como Luis Arieta. Em 1986, ingressou em nossa querida Escola de Dança, formando-se em 1990; e três anos depois já se tornara professora de técnica clássica para as turmas Preliminar, primeiro e segundo básicos. Paula também cursou Licenciatura em Dança na Faculdade da Cidade, onde se formou em 1994. Em 1981 e 1987 fez exames da Royal Academy of Dancing. Dentre seus professores, estão importantes nomes como: Bertha Rosanova, Consuelo Rios, Jacy Jambay, Maria Luisa Noronha, Edy Diegues e Helio Bejani.

É muita responsabilidade falar sobre essa professora porque afinal é ela a encarregada pelo primeiro contato das alunas da Escola com a Dança; não é a toa que seu nome sempre trás um prefixo especial e carinhoso: tia Paula. Não tive a oportunidade de passar por suas mãos e seus olhos atentos, mas, talvez seja a professora sobre a qual mais ouvi falar das alunas mais antigas: “lembra quando a tia Paula mandou a gente ficar horas em tal posição”, “lembra que todo final de aula a tia Paula mandava a gente fazer vários abdominais”, “nossa, ela sempre reclamou do meu coque”, “e aquela bronca que ela me deu?”, e após isso alunas de técnico implorando “tia Paula me deixa fazer sua aula?”.


Paula dando aula para as pequena alunas da EDMO (Escola de Dança Maria Olenewa)




Não podia ser diferente, a descoberta da técnica clássica, da disciplina e da perseverança necessária para se manter no rumo certo é inesquecível e deixa marcas profundas e inapagáveis que serão percebidas durante nossa vida profissional inteira.

Por esse motivo, resolvi percorrer o caminho inverso, a entrevista não será com a professora, mas com as pessoas que melhor podem descrever a relevância de seu trabalho: suas alunas e ex-alunas. Seguem os depoimentos:

Caroline Gil, formanda desse ano, afirma: “Eu realmente acho muito importante à presença dela como professora na Escola de Dança. Meus primeiros anos de ballet foram com ela e seu papel, não só pra mim, mas pra todas as meninas que começam desde o preliminar nos serve como base para tudo o que vamos aprender no médio e técnico... Enfim, as suas aulas tem um preparo especial para a formação do nosso físico como bailarina: trabalho de pernas cabeça, braços, postura; tudo forma um conjunto de coisas que nos prepara para todo trabalho que teremos pela frente, sendo essencial para nossa formação. Sem contar que ela é uma professora maravilhosa, sempre levou tudo com muita seriedade, acreditando no potencial das suas pequenas alunas e sempre empenhada em ajudar todas! Atenciosa e dedicada, uma ótima pessoa além de ótima profissional. Eu realmente tenho um carinho e uma admiração especial por ela.”.

Tabata Salles, hoje aluna do terceiro médio, foi aluna da professora Paula no segundo básico e afirma: “eu só tenho a agradecer a tudo que ela me falou, a todas as “broncas” que ela deu pra me ajudar”. Em conversa, ela ressaltou que suas primeiras experiências na dança se deram por intermédio da Paula: a primeira aula de ponta, o primeiro festival... Ela ainda acrescenta: “ela se esforçava muito pra ajudar a gente, ela sempre deu de tudo pra isso, sempre correu atrás tentando nos dar os melhores ensinamentos. Ela me ajudou a conseguir a base pra muita coisa, como força e resistência”.

Maria Fernanda, aluna do primeiro técnico reforça o que já foi dito: “A tia Paula foi essencial na minha técnica e foi com ela que eu dei meus primeiros passos na sapatilha de ponta. Ela sempre me apoiou e acreditou no meu trabalho. Como suas outras ex-alunas, Fernanda revela:” eu tenho um carinho enorme pela tia Paula e eu agradeço muito a ela pelas “broncas”, ajudaram muito o meu crescimento!“.


Alunas do 1º Básico da EDMO ( Escola de Dança Maria Olenewa)

“a gratidão é a memória do coração” Antistenes

Malu Patury

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Aos Professores com carinho...

Aos Professores com carinho...


Rosinha Putilini

Rosinha Pulitini é bailarina formada pela Escola Estadual de dança Maria Olenewa, nossa amada EEDMO, integrou por muitos anos o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, depois de anos de casa (TMRJ) volta para nossa escola como professora para dividir com suas alunas suas experiências e seus conhecimentos. Para inaugurar essa nova seção “ Aos professores com carinho...” nada melhor do que começarmos com uma entrevista cheia de descontração e curiosidades incríveis sobre nossa querida professora.
 
“Hoje meu foco principal são meus alunos”. (Rosinha Putilini)

 




Rosinha Putilini







Tour: Onde começou a fazer ballet e em qual idade?
R: Comecei ballet em Niterói com uma professora chamada Nice Menezes com 8 anos de idade. Comecei assim meus primeiros passos no ballet.



Tour: Como entrou para EEDMO?
R: Tânia Granado, que foi professora da escola, deu um curso de ballet em Niterói onde eu estava presente. Ela viu em mim um certo potencial e agilizou minha inscrição para entrar na EEDMO, que até aquele momento não conhecia, entrei no primeiro básico.




Tour: Quais foram seus professores na escola?
R: Eu tive aula com Edy Diegues, Amélia Moreira, Regina Bertelli, Consuelo Rios, Cecilia Wainstock (os principais foram esses).




Tour: Dentro da EEDMO, qual foi o professor mais importante para sua formação como bailarina?
R: Com certeza Edy Diegues



Tour: Em que ano entrou para o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro?
R: Em janeiro de 1981, um mês depois de me formar na escola (dezembro de 1980). Prestei audição para contrato e passei
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Boneca Dois do primeiro ato de O Quebra Nozes versão de Dalal Achcar no Theatro Municipal


Tour: Dentro da companhia, quais foram os mestres mais importantes na sua carreira?
R: Na minha carreira, até porque trabalhei muito com ele, foi meu marido Jorge Siqueira Campos, professor e assistente de direção durante o tempo em que estive na cia.



Tour: Você pode nos contar algum momento difícil e outro feliz que teve enquanto dançava?
R: Tive momentos difíceis na cia quando mudou o governo e Dona Dalal Achcar saiu da direção do ballet do TMRJ e o meu marido como assistente de direção. Dias difíceis começaram e acabei pedindo demissão. Fiquei afastada da cia muito tempo, mas 7 anos depois abriu audição para contrato, eu fiz e passei novamente e isso foi um momento muito feliz, realmente feliz. Outro momento foi quando houve concurso público para efetivação e passei mais uma vez. Talvez esse tenha sido o momento mais feliz e mais importante de toda minha carreira como bailarina no TMRJ.


Valsa das horas - Coppelia versão de Dalal Achcar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro




Tour: Em que ano começou a dar aula na EEDMO? Você foi convidada pela direção para lecionar na Escola?
R: Sou ruim com datas, mas digo que faz muitos anos, pois eu ainda dançava quando comecei a dar aula na EEDMO. Foi um convite da Dona Maria Luisa Noronha atual diretora da escola, que além de um incrível profissional é uma grande amiga. Dona Maria Luisa é uma pessoa muito importante na minha carreira pois me proporcionou essa oportunidade fantástica que é ser professora da EEDMO.
 
 


Tour: Sua aula é bastante conhecida por preparar as crianças para ingressar na dança clássica. De onde vem esse seu talento com as pequenas futuras bailarinas?
R: Bem, não sei... É natural, pois optei por não ter filhos por conta da carreira. Mas amo trabalhar com criança. É uma visão deturpada das pessoas que acreditam que a professora que não tem filhos, não sabe lidar e nem goste de crianças. Eu particularmente adoro criança e é com esse público que gosto de trabalhar. Acordar cedo e chegar aqui, olhar para esses olhos meigos das crianças, isso é mágico e me deixa disposta e feliz.

Rosinha com aluna da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa (EEDMO)


Tour: Como se sente hoje sendo uma professora da EEDMO?
R: Sinto-me bem. A grande diferença é que por muito tempo fui a bailarina que dava aula, e hoje sou professora de fato, e é extremamente gratificante ser professora, foi uma transição de bailarina para professora de uma forma muito natural, tranquila e muito prazerosa. Antes, meu foco principal era minha carreira como bailarina e hoje meu foco principal são meus alunos, a qualidade de minhas aulas onde procuro passar o máximo de minhas experiências para os alunos.



Tour: Como você encara o ballet de hoje? 
R: Acho que o ballet clássico é realmente o ponto principal de todas as danças, apesar de ainda haver muito preconceito. O ballet evolui tanto quanto as outras danças, há muita exigência e regras a serem seguidas, mais virtuosismo, mas o que mais acho sensacional é que ainda não perdeu o seu refinamento e sua arte. O ballet clássico, nos dias de hoje, é o máximo.


“Para ser bailarina de fato, uma aula não é suficiente, precisa fazer aula, se alimentar bem, fazer duas aulas por dia, cuidar do corpo e aprender a conhecê-lo. Precisa programar sua vida para dar conta deste trabalho intenso.
Bailarino precisa dançar, estar em cena, ou seja, no palco”. (Rosinha Putilini)








Felipe Viana e Luan Limoeiro

domingo, 21 de junho de 2015

Conversa boa não tem fim...

Semana intensa!!! O Teatro Bolshoi se apresentando na nossa casa (TMRJ), palestra com ninguém menos que o coreógrafo Renato Vieira e com os bailarinos brasileiros, Mariana Gomes, Bruna Gaglianone e Erick Swolkin, que fazem parte da mesma companhia russa que está de passagem no Rio.
Na quinta-feira, Renato Vieira é o nosso convidado e sexta-feira as estrelas do Bolshoi. Abaixo, conferimos o resultado da semana.


Conversando com Renato Vieira (18/06/2015)

Renato Vieira


Com 35 anos de carreira e com formação em Comunicação Social Renato Vieira, possui a característica de trabalhar com diversos gêneros de dança. Fundador da Renato Vieira Cia de Dança. Iniciou sua carreira na Academia Dalau Achcar, tendo aulas com Desmond Doyle e dançou todo repertório clássico, percebendo que não seria este seu caminho artístico dedicou-se ao jazz. Na Academia Tatiana Leskova teve aulas com Lennie Dale de jazz, o que veio a trazer-lhe uma nova visão da dança.
Tem em seu currículo participações como coreógrafo em produções de teatro, dança, musicais, televisão e cinema, alguns deles seriam: Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Teatro de Guaíra, São Paulo Companhia de Dança, Criança Esperança (programa da Globo).

Elizabeth Oliosi e Renato Vieira


Trabalhou ao lado de Carlota Portela com o Grupo “Vacilou Dançou” no Jardim Botânico. Na Academia desta dava aulas de jazz, sendo ali onde desenvolveu seu sentido coreográfico. Aos poucos a dança contemporânea foi incorporada ao seu desenvolvimento como coreógrafo. Permaneceu um ano em Paris, local o qual estudou e enriqueceu seu currículo.
Trabalhou como coreógrafo das comissões de frente das escolas: Mocidade, São Clemente, Grande Rio.
Em 2015 recebeu o Prêmio Cesgranrio Especial de Teatro pela coreografia e direção de cena da peça “Samba Futebol Clube”.

No decorrer da palestra foi apresentado para os alunos da EEDMO uma parte o seu espetáculo ”Poeira e Água”, cujo tema principal refere-se a natureza, a interferência do homem nela e como o tempo está sendo rápido e diferente para cada uma de nós. Bailarinos Tiago e Leandro.




Segue algumas perguntas que foram feitas ao nosso convidado pelos alunos da EEDMO:

De onde vem as idéias para a coreografia?
R:Tem um roteiro antes uma poesia livro estado de espírito . Costumo coreografar em cima de literatura. O bailarino interpreta o que ele coreógrafa.

Porque e quando você decidiu coreografar?
R:Senti necessidade de coreografar, não existe uma fórmula, eu fui aprendendo. Quando eu passei a dar aula isso me proporcionou uma prática.

Como chega da inspiração para a coreografia em si até transformar em movimento?
R:Intuição, nem sempre o que eu imagino acontece, utilizo pesquisa junto com os bailarinos. Sempre é o tema que me leva a coreografar a peça. Não conto as minhas ideias, apenas demonstro, para que o bailarino intérprete da forma dele. colocando a alma dele no personagem.
Quando assistimos um espetáculo, há uma rejeição a dança contemporânea, o que falta para o povo brasileiro em aceitar e saber admirar esse novo movimento?
R:Educar o público para algo novo, questão de época de visão a forma que se vê aquilo. Ao ver o espetáculo, o público acaba vendo algo diferente do que esperava. Relacionado com a preferência e com o estilo, de cada pessoa.

Qual é a sensação de ver algo que você construiu sendo apresentado?
R:Gratificante e maravilhoso, saber que eu atingi o meu objetivo como coreógrafo. 

Da esquerda pra direita: Hélio Bejani, Paulo Melgaço, Renato Vieira, Elizabeth Oliosi, José Leandro, Tiago Oliveira e Denise Mendes

Texto: Carla de Paula




Conversando com Mariana Gomes, Bruna Gaglianone e Erick Swolkin (19/06/2015)

Da esquerda pra direita: Mariana Gomes, Erick Swolkin e Bruna Gaglianone


Foi com grande euforia que o público carioca recebeu a notícia que, o Teatro Bolshoi iria se apresentar no Theatro Municipal com os repertórios Spartacus e Giselle. O que muitas pessoas ignoravam, entretanto, é que, a companhia russa tinha três bailarinos brasileiros: Bruna Gaglianone, Erick Swolkin e Mariana Gomes.


O Instituto Dell'Arte , proporcionou à nossa escola, um encontro entre esses talentosos bailarinos e nossos alunos. O resultado da noite do dia 19 de junho vocês saberão logo em seguida.



Mariana Gomes



Mariana Gomes, a primeira dos três a ingressar na companhia, trouxe toda sua experiência e com muita generosidade, dividiu com todos as suas primeiras angustias ao entrar na cia, seus medos e inseguranças e nos deu dicas de como superá-los, como usá-los como verdadeira alavanca para que possamos seguir adiante na carreira. Destacou a importância de uma boa base técnica adquirida em sua escola ( Bolshoi de Joinville), pois, " a carreira de um bailarino assim como a aula de ballet, segue etapas que não se pode pular. Como todo dia se faz o plié, tendu, jeté na barra antes de irmos pro centro, deve-se procurar aproveitar muito bem a fase da escola para que ao chegar na vida profissional, o bailarino tenha uma bagagem segura".


Erick Swolkin e Bruna Gaglianone


Bruna Gaglianone e Erick Swolkin, entraram juntos na companhia a aproximadamente 3 anos atrás e contaram suas primeiras experiências em um país onde não entendia a língua nem a cultura local que se diferencia e muito da do brasileiro. Muitas dificuldades, muito choro e trabalho incessante era parte do cotidiano nos primeiros meses, mas como a vontade de crescer era maior, eles superaram e hoje já falam fluentemente russo, já aprenderam a lidar com a cultura local e estão aproveitando tudo que o país pode proporcionar-lhes, inclusive estão cursando faculdade em Moscou.
Assim como Mariana, foram incisivos quanto a necessidade de se esforçar e aproveitar o período escolar, buscando aprender o máximo possível, confiando em seus mestres e respeitando-os.


Os três cursaram a escola do Teatro Bolshoi do Brasil em Joinville e por isso destacam sempre a importância desta etapa de aprendizado.

O tempo foi curto, pois os bailarinos ainda iriam se apresentar com o ballet Spartacus em poucas horas, mas foi muito proveitoso. Para nós alunos, uma honra, privilégio, e enriquecedor. Saímos certos de que, apesar de difícil, a carreira de bailarino é possível e vale a pena.
Alunos da escola junto dos bailarinos do Teatro Bolshoi

Obrigado pela generosidade de compartilhar tão valiosas experiências, Renato Vieira, Mariana Gomes, Bruna Gaglianone e Erick Swolkin

Texto: Luan Limoeiro