sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Escola Estadual de Dança Maria Olenewa exporta talentos

    Beth Brusco
Por ano, pelo menos três alunos iniciam carreira em outros países

Formação profissional de excelência, com duração de nove anos, e determinação estão na fórmula para o sucesso internacional dos alunos da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, que pertence ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Com 88 anos de tradição e principal referência no ensino de dança clássica no Brasil, a instituição tem centenas de ex-alunos inseridos em companhias de países como Canadá, Inglaterra e Suíça.
O currículo da escola inclui História da Dança, assim como disciplinas complementares na formação técnica. Mas o que realmente prepara os jovens é a Técnica de Balé, cujas aulas são ministradas diariamente por professores respeitados no mercado. A unidade já manteve convênio com a Academia Vaganova de Ballet, instituição de balé clássico de São Petersburgo, na Rússia.

Por ano, são formados de oito a 15 alunos e, em média, três vão para o exterior já contratados. Oitenta por cento dos formandos de 2007, por exemplo, estão trabalhando na Europa.

Este mês, Sinthia Liz, de 17 anos, embarcou para Munique, na Alemanha, para integrar o balé da Fundação Heinz Bosl, da Universidade de Artes de Munique, onde receberá bolsa de estudo, moradia e alimentação.

- Me formei em 2014 e na Escola Maria Olenewa foi onde aprendi tudo, desde os primeiros passos do balé até como me comportar profissionalmente. Quanto à ida a Munique, foi tudo muito rápido. No fundo tinha esperança. Estava nervosa, mas tudo está dando certo. Vou focar ao máximo, porque é um sonho estar nesta companhia - disse Sinthia.

Moradora de Campo Grande, Caroline Gil vai se formar este ano. A bailarina aguarda respostas de testes para ingressar em instituições da Califórnia, nos Estados Unidos, ou Basel, na Alemanha, com bolsa de estudo.

- O corpo acadêmico da Escola Estadual Maria Olenewa nos estimula bastante a buscar nossos sonhos - contou Caroline.




Curso é referência nacional


A Escola de Dança Maria Olenewa oferece curso profissionalizante com aulas de balé clássico, pas-de-deux, repertório clássico, danças características, dança espanhola, balé moderno, composição e improvisação, história da arte, história da dança, terminologia da dança clássica, educação musical, comportamento e atitude profissional.


Ao longo de sua existência, vem sendo responsável pela formação dos mais importantes nomes brasileiros que atuam no balé seja como bailarinos, coreógrafos ou maîtres, no Brasil e no exterior. Entre eles estão as primeiras bailarinas do Theatro Municipal Nora Esteves, Aurea Hammerli, Claudia Mota e Márcia Jaqueline, além de outras artistas com carreira internacional como Márcia Haydée, que foi uma das principais bailarinas do Ballet de Stutgart, da Alemanha, e Roberta Marques, que brilha como primeira bailarina do Royal Ballet, de Londres.

O ingresso na instituição é feito por meio de teste de aptidão, no qual os professores avaliam se o candidato possui os pré-requisitos físicos, técnicos e artísticos para se tornar um profissional. O curso de formação é gratuito, e até amanhã as inscrições poderão ser realizadas, das 9h às 17h.

Os responsáveis devem comparecer à sede da escola munidos de duas fotos 3x4, certidão de nascimento, atestado médico, comprovante de escolaridade e cópia do comprovante de residência.

A escola fica na Avenida de Almirante Barroso, 14-16 – prédio anexo ao Theatro Municipal, no Centro do Rio de Janeiro. Outras informações também podem ser obtidas no telefone (21) 2332-9129 ou pelo site www.theatromunicipal.rj.gov.br/escola.html.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Estreia brilhante: entre nuvens e aplausos

Estreia brilhante: entre nuvens e aplausos 



“Incluir A Menina das Nuvens na temporada de 2015 é, antes de tudo, afirmar o compromisso do Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a produção lírica nacional. Nada melhor, portanto, do que começar com a obra de nosso compositor maior, aquele que melhor traduziu em sons a diversidade da cultura brasileira. Podemos dizer que A Menina das Nuvens está de volta à sua casa, ao local que nasceu. Privilegiados somos nós que poderemos redescobrir as belezas que Lúcia Benedetti e Villa-Lobos nos reservam a recebe-las com justos aplausos. ” 
André Cardoso- Diretor Artístico do TMRJ.


Alunos da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa (EEDMO).



Na última sexta, dia 23, estreou a ópera “A Menina das Nuvens”, de Heitor Villa-Lobos, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e não só os cantores se mostraram afinados. Juntamente com o coro, os solistas e a orquestra, os alunos da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa  provaram seu profissionalismo e fizeram uma atuação brilhante.

O espetáculo já se mostrava especial e peculiar logo no início: ao abrir das cortinas, os olhares acostumados a voltar-se para cima e acompanhar a tradução da ópera, desta vez puderam se dedicar totalmente a expressão dos cantores, ao cenário, aos figurinos vibrantes e, é claro, aos bailarinos. Uma ópera nossa, feita para nós, com nossos personagens e referências foi, sem dúvida, um elemento de empatia que fez com que o público se envolvesse de forma muito natural e particular. A ópera, muitas vezes enxergue como um gênero de difícil entendimento e tão distante de nós (com relação ao surgimento e produção – os grandes títulos são estrangeiros) nunca esteve tão próxima e acessível. E outra novidade se juntou a essa: a abertura da ópera foi totalmente dançante, no palco apenas os bailarinos da Escola de Danças Maria Olenewa, que já mostraram seu talento e confiança no primeiro minuto do espetáculo. 


Marcelli Tatagiba, Maria Fernanda, Tâmara Dornelas, Paula Caldas, Manuela Medeiros e Amanda Marinho.



E assim a noite prosseguiu: o espetáculo, até por se dirigir ao público infantil, trouxe uma forte interação com a plateia e os personagens não poderiam ser mais simpáticos: o vento variável, o corisco, o tempo, a valsinha, o sambinha, e por aí vai.... Os alunos da EEDMO foram também um ponto alto da estreia: às vezes sobre patins, às vezes sobre as pontas, com figurinos brancos ou coloridos, adquiriram grande protagonismo. Eles foram capazes de sair de sua zona de conforto, o clássico, e se entregarem totalmente, demonstrando grande versatilidade. Muito atentos aos detalhes e bem ensaiados pelo coreógrafo Tíndaro Silvano, exploraram seu lado artístico, entraram no personagem e fizeram o público rir com suas graças e minúcias. Além de provarem que podem estar no grande palco do Theatro como profissionais de dança, foram brilhantes na interação com os cantores e nas expressões. 


Esperamos que essa fantástica experiência possa se repetir para que nossos alunos sempre tenham a oportunidade de se experimentar em cena e como artistas. Parabéns a todos os envolvidos: orquestra, coro, direção, maestro, diretor, coreógrafo, figurinista, iluminador e bailarinos. É sempre bom ver tanta gente empenhada em produzir arte e fazer desse Theatro uma grande referência.  


Malu Patury e Tabata Salles