domingo, 12 de outubro de 2014

Corpo da Cidade

De top, tutu e cabelos soltos, a bailarina dança na cidade. Exibido em 30/09 no Teatro B do anexo do Theatro municipal, o curta "Corpo da cidade" provoca a reflexão a cerca da relação entre dança e o espaço.

Tiago Saldanha, o diretor, e Liana Vasconcelos, a bailarina, formaram-se em Produção Cultural na UFF e conheceram-se no lançamento de um livro. Liana tinha o hábito de fotografar poses de ballet em lugares diversificados. Tiago gostou da ideia e propôs sua aplicação em vídeo para que o movimento pudesse ser capturado. Ao realizar um teste com o celular, na região portuária do Rio, os dois obtiveram excelente resultado e retornaram na semana seguinte.

A proposta inicial era de que a filmagem acontecesse em diversas partes do Rio. O efeito das obras e dos destroços de uma zona em processo de gentrificação, contudo, fizeram com que todas as cenas do curta fossem gravadas naquele local.

Em 4 meses de gravação, o acaso auxiliou a superação de dificuldades, como: conseguir permissão para filmarem em locais públicos (como no teto do MAR (Museu de Arte do Rio), onde se passa a última cena), conseguir ajuda profissional para gravar, contar com apoio e ajuda de amigos e conhecidos (como foi essencial a de Regina Miranda, que assina a concepção coreográfica) entre vários outros desafios.. Uma matéria do jornal O Globo contribuiu para a popularidade do curta e para as permissões para filmagens, além de algumas coincidências, como a poeira,o ferro retorcido e o guindaste, que foram essenciais para a riqueza das cenas.

A trilha sonora foi perfeitamente encaixada nos movimentos de Liana, que dançou no silêncio durante as gravações, pelo editor Diego González. Segundo Tiago e Liana, um dois maiores desafios foi a edição das quatro horas de filme.


Liana e Tiago, depois da exibição de "O corpo da cidade".
Como bailarina, Liana considerou a experiência libertadora. Perfeccionista e apegada às regras do ballet clássico, Liana disse que a percepção do espaço transformou sua relação com a dança. Na cidade, além de bailarina, ela sentiu-se artista e cidadã. Sob essa nova perspectiva, Liana convidou as alunas a abrirem suas mentes e "pensar fora da caixinha de música"

"O corpo se joga no espaço, cria a partir dele, apesar dele e com ele. Sente, absorve, mistura, transforma e devolve. A partir do concreto, surge o abstrato.O corpo-homem e o corpo-cidade dançam juntos, em uma coreografia urbana...arquitetura viva. Cartografia em constante re-des-construção."

Trecho do texto "Corpo da Cidade" para o projeto Toda Poesia


Texto: Giulia Rossi e Hanna Vitória

Nenhum comentário:

Postar um comentário