domingo, 7 de agosto de 2016

Trilogia Amazônica

 Simultaneamente com a efervescência cultural ocasionada pela ocorrência das Olimpíadas em
nossa cidade, os amantes da arte, em especial da dança, também são privilegiados neste ano
com a apresentação da temporada do Ballet “Trilogia Amazônica”, movimento coreográfico
que evoca e homenageia o folclore brasileiro. A Trilogia conta com coreografia de 3 grandes
coreógrafos brasileiros escolhidos por Ana Botafogo e Cecília Kerche, diretoras do Ballet do
Theatro Municipal: Daniela Cardim responsável pela coreografia do 1° ato, Uirapuru, baseado
em uma lenda folclórica sobre um índio guerreiro que por amor é transformado em pássaro;
Luiz Fernando Bongiovanni , que coreografou o 2° ato da trilogia, Erosão, que remonta a
origem do Rio Amazonas; e do brasileiro, primeiro bailarino do American Ballet Theatre,
Marcelo Gomes que coreografou Alvorecer, ato final da Trilogia, inspirando – se nas festas de
bumba meu boi do Nordeste e do estado de Amazonas. Consumando a proposta de um balé
de temática nacional, temos a Orquestra do TMRJ sob regência de Tobias Volkmanns, na
condução de uma das obras do consagrado maestro Heitor Villa Lobos, que voltam  a ser
dançandas por nosso Corpo de Baile.


“Uirapuru” recebe música de Villa-Lobos e seu roteiro original é inspirado na lenda amazônica. Quaraçá, grande índio guerreiro de sua tribo, apaixonado por Anahí, índia prometida ao cacique, não aguentando mais sofrer por amor, pede ajuda ao deus Tupã que o transforma neste pássaro de canto magnífico. A coreógrafa enfoca na história de amor dos dois após a transformação em uirapuru, tendo traduzido em cada movimento a essência desse sublime sentimento. Daniela Cardim já foi bailarina do Corpo de Baile do Theatro Municipal e atualmente trabalha em Londres, porém veio ao Rio de Janeiro para montar pela primeira vez no Brasil sua nova coreografia.

CBTMRJ e Daniela Cardim após "Uirapuru"

“Erosão” foi inspirada na lenda indígena recolhida por Barbosa Rodrigues que conta a história da origem do Rio Solimões e Alvorada que foi descrita pelo compositor como a alvorada/libertação no interior do Brasil. Inspirado no Brasil de atualmente, a coreografia é intitulada como “erosão” por diversos motivos e pode ser reinterpretada em um amplo . sentido, desde seu modo literal até a percepção pessoal de cada um. Bongiovanni é um dos nomes mais reconhecidos do país por suas obras contemporâneas. “(...)meu intento foi que os bailarinos do Theatro Municipal fossem companheiros de uma jornada e não intérpretes de uma idéia pessoal, nos levou a pensar no seu título sob alguns sentidos diversos”.


Priscilla Mota em "Erosão"


E, por último, “Alvorecer”, com música “Amazonas” uma das obras mais reverenciadas de Villa-Lobos. Marcelo Gomes, consagrado por suas atuações no ABT, coloca toda sua sensibilidade e vivência como bailarino no ato de coreografar. Nascido em Manaus, trouxe da sua infância recordações que o inspiraram nesta composição que conta mais uma vez uma lenda, tendo como foco os grandes bois da Amazônia, traço folclórico- cultural de caráter popular e extremamente importante para a história de seu povo: o Boi-Bumbá do nordeste e o Boi de Parintins do Amazonas. Retrata o nascimento do boi de Sinhazinha, filha do fazendeiro mais rico da região. Predestinados a se conhecerem, durante o nascimento do boi, Pajé e Cunhã Poranga se encontram e celebram este acontecimento. Durante uma tempestade o Pajé recebe de Tupã uma mensagem dizendo que algo terrível aconteceria, e o boi acaba morrendo. Porém graças ao amor de Sinhazinha e á dança do Pajé, o boi milagrosamente ressuscita. Temos um ato povoado pela vivacidade de cores vibrantes, que se materializam esteticamente no cenário e nos figurinos, além da ingenuidade representada na figura das crianças, alunos da EEDMO, que participam deste ato.



CBTMRJ e Marcelo Gomes depois de "Alvorecer"


A platéia saiu extasiada diante da atuação do nosso corpo de baile, com destaque a magistral
interpretação dos nossos primeiros bailarinos (Cícero Gomes, Moacir Emanuel, Filipe Moreira,
Márcia Jaqueline, Cláudia Motta e Karen Mesquita) que imprimiram aos seus respectivos
personagens suas singularidades, personificando a genuína essência brasileira ao longo de
cada ato. Ademais, em “Alvorecer” contamos ainda com a singela participação de alguns alunos
de nossa Escola de Dança (Adriel Cascelli, Clarice Souto, Lucas Monteiro, Sophia Mello,
Eduarda Drumond, Gabriela Maroto, Isabele Santos, Julia Santos, Nandi Cumarú sob a
responsabilidade da professora Paula Albuquerque) que foram privilegiados com a missão de
interpretar a versão infantil dos personagens principais e com a honra de dividir o palco com
os Primeiros Bailarinos do TMRJ, além da experiência inesquecível de ensaios e do contato
direto com o primeiro bailarino do ABT e coreógrafo do 3° ato da Trilogia, Marcelo Gomes.
Três peças inéditas, que mesclam o popular e o erudito, criadas por coreógrafos com carreiras
consolidadas no cenário mundial da dança, que sem sombra de dúvida se apresentam como um programa que dá orgulho do Balé do Theatro Municipal.



Clara Judithe - 1º técnico
Tabata Salles - 1º técnico

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