quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Entre o Negro e o Branco, Preferimos a Arte!

Entre o Negro e o Branco, Preferimos a Arte


Um país onde a miscigenação de etnias é tão evidente, como no Brasil, é de se espantar que em pleno sec. XXI, mais de 100 anos após a abolição da escravatura, a desigualdade social relacionada à discriminação racial ainda é um problema difícil de ser superado.

A raça negra, historicamente, tem sido lesada, explorada e inferiorizada dentro do nosso país. Esse fato, ainda é sentido por grande parte da população negra que sofre com o estigma do "Negro não é gente", tão difícil de apagar da consciência do povo. O preconceito existe, velado ou não, ele está ai. Na mídia, por exemplo, raramente vemos galãs negros ganhando papéis de destaque em novelas. No ballet clássico, esse preconceito é ainda mais acentuado. Uma arte que por natureza europeia, cultua um modelo único de corpo (e que o perfil brasileiro não se encaixa), musculatura magra, pele clara, traços finos nas expressões faciais, cabelo liso... Enfim, há uma série de exigências que, naturalmente, vai expulsando o Negro deste segmento da arte. Lamentamos!


Na contramão, bailarinos extraordinários vêm travando um verdadeiro duelo contra esse modelo único que mais exclui e subtrai do que acrescenta algo de valioso à arte. Nomes como Misty Copeland (1° bailarina do ABT), ganham visibilidade no cenário mundial. Aqui no Brasil, essa luta apesar de não contar com o mesmo destaque na mídia, vem ganhando força. Bailarinos negros que não se deixam abater diante dos preconceitos e que lutam para criar uma identidade racial dentro da dança e alimentar a autoestima, tão lesada, de seu povo (destacamos o nome da jovem Ingrid Silva que não desistiu do ballet clássico e hoje integra o Dance Theatre of Harlen nos EUA).


Mercedes Baptista a primeira bailarina negra a ingressar no TMRJ


Existe, entretanto, um nome que na vanguarda brasileira já havia travado um duelo quixotesco para afirmar sua arte, sua cor e seu gênero. Falamos da desbravadora Mercedes Baptista, que foi a primeira bailarina negra a entrar para o corpo de baile do TMRJ. Só esse acontecimento nos meados do sec.XX, já seria digno de nota, de aplausos e reverências. Mercedes porém, foi além e desbravou o universo da dança afro como também contribuiu para o desenvolvimento da arte negra no seu país natal. Por este motivo, o Tour En L'Air não poderia deixar de lembrar dessa figura ilustre que não só soube se afirmar, como também mostrou ao Brasil e ao mundo que a cultura afro é linda, digna, cheia de paixão e magia e, acima de tudo, está na raiz do povo brasileiro.



Biografia de Mercedes Baptista escrita pelo professor da EEDMO Paulo Melgaço

Mercedes segurando sua biografia - Falecimento no dia 18 de agosto de 2014


Negar a cultura negra, é negar nosso passado e, portanto, nossa própria história. Em homenagem a Mercedes Baptista e a cultura negra, cultura que a EEDMO faz questão de agregar, repostaremos uma matéria feita por nosso aluno Luan Limoeiro (2° técnico) no ano de 2013 em virtude da condecoração recebida por Mercedes por seus serviços prestados à cultura brasileira, A Ordem de Rio Branco. Vejam abaixo:



Luan Limoeiro-  2º Técnico.

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